OPINIÃO

APLetras, 83 anos!

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A Academia Passo-Fundense de Letras (APLetras), fundada em 7 de abril de 1938, completou 83 anos de existência nessa semana. E, tal qual no ano passado, na última quarta-feira (7 de abril de 2021), em respeito ao isolamento social que ora vige em nosso País, o velho casarão da Avenida Brasil Oeste, n.º 792, não abriu a porta mais alta do Rio Grande do Sul para, conforme a tradição que lhe é cara, recepcionar convidados e brindar a data magna. E, tampouco, como de costume, prestou a sua reverência, com a entrega da Comenda do Mérito Cultural Sante Uberto Barbieri, a quem contribuiu para o desenvolvimento da cultura local e de direito fez por merecer esse reconhecimento.

O momento difícil que ora estamos vivendo, sob a égide da pandemia da Covid-19, como tudo na vida, passará. E, então, retroativamente, comemoraremos da forma devida os aniversários de 82 e de 83 anos dessa instituição, cuja relevância dispensa discursos laudatórios e pode ser atestada, simplesmente, pela longevidade. NENHUMA ORGANIZAÇÃO QUE NÃO TENHA RELEVÂNCIA SOBREVIVE 83 ANOS! Assim, ainda isolados pelas circunstâncias, conclamamos aos amantes das letras e da cultura, que, simbolicamente, ergam um brinde pelos 83 anos da Academia Passo-Fundense de Letras. E um pedido especial àqueles que professam alguma fé para que elevem seus pensamentos em oração instando-nos à serenidade e a atitudes dignas de pessoas humanas nesses tempos difíceis (mais difíceis para muitos que, convalescendo em algum leito hospitalar, não conseguirão ler esse texto). E àqueles que não acreditam na espiritualidade, apenas rogamos que guardem o silêncio respeitoso e perseverem nas mesmas atitudes merecedoras de serem rotuladas de humanas.

O segredo da longevidade da Academia Passo-Fundense de Letras foi, nos últimos 83 anos, ter sabido respeitar a pluralidade, seja de credos políticos ou religiosos, de paixões clubistas (Grêmio x Internacional ou Gaúcho x 14 de Julho/Passo Fundo) ou interesses de corporações profissionais, que, historicamente, grassaram e ainda grassam entre os ocupantes das suas 40 cadeiras. A INDIFERENÇA ÀS DIFERENÇAS (excluindo-se aquelas que avultam à dignidade da pessoa humana; evidentemente) sempre foi um valor muito caro para a instituição. E cabe a cada membro desse sodalício, que hoje ostenta a honorável distinção de acadêmico, zelar para que continue sendo assim; apesar do momento propício a cismas das mais variadas naturezas.

Não, a Academia Passo-Fundense de Letras não esteve paralisada em 2020. E nem estará em 2021! Ações que não dependiam de encontros presenciais foram realizadas, estão e continuarão a ser levadas adiante em 2021, pela intermediação de plataformas online, enquanto persistir a pandemia da Covid-19 e seus riscos inerentes.

Não, indubitavelmente, 2020, não foi um ano perdido para a APLetras. Foi apenas um ANO SINGULAR! O sítio Internet da instituição foi repaginado, levamos a cabo o concurso “Gaúcho Doador de Sangue”, em parceria com o Hemocentro do HSVP, o livro sobre Meirelles Duarte foi concluído (lançamento em 2021), uma novação edição da revista Água da Fonte foi organizada (lançamento em abril de 2021), acadêmicos prefaciaram obras de escritores locais e escreveram as suas próprias e a vida na Academia não parou. E tampouco 2021 será um ano perdido!

Não podemos ignorar, todavia, as perdas de pessoas queridas nesses tempos difíceis. Entre tantas: as mortes do acadêmico André Agostini (Dedé) e do ex-acadêmico Bona Garcia. Antonieta Rovena Gonçalves Dias teve de suportar a perda do amado Vilson Sebastião da Luz, Ivaldino Tasca do irmão Ivo Tasca, Marisa Zilio do neto Benício, Adelvino Parizzi do filho Rogério e, ainda muito recente, as mortes dos casais de amigo da APLetras, Édison e Clea Nunes e Tânia e Pedro Du Bois, que surpreendeu a todos. Os nossos respeitos aos que sentiram mais intensivamente a dor dessas perdas.

São poucas as instituições, no Brasil e no mundo, que atingem a longevidade de 83 de existência. Vida longa para a Academia Passo-Fundense de Letras!


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