A coluna trouxe aos nossos leitores, algumas vezes, o apetite militar chinês em seu projeto de expansão global. O Mar do Sul da China tem sido um verdadeiro palco para manobras militares arriscadas, envolvendo países como o Japão (a China já invadiu o seu mar territorial) ou até mesmo os EUA, em incidentes com embarcações da Sétima Frota Americana. A principal preocupação de grandes democracias é que o apetite chinês possa trazer riscos a uma das áreas marítimas de maior circulação, rota indispensável para o abastecimento de muitos países, bem como zona rica em hidrocarbonetos (petróleo) em arquipélagos espalhados pelo Mar, reivindicados em sua totalidade, pela China. O empreendimento chinês tem tomado muito fôlego. Se antes a tradição da marinha chinesa era costeira, nas últimas décadas vem investindo em pesada tecnologia como submarinos nucleares, porta-aviões e tecnologia própria de caças, passando a ser uma marinha conhecida como blue-water-navy, ou seja, de longo alcance (águas azuis). No meio dessa intrincada conjuntura está Taiwan, a 180 km a leste da costa chinesa, um país insular, a capital Taipé (Taipei).
Sinal vermelho, Taiwan
O país é reivindicado por Pequim, desde que a República Chinesa (RC) se instalou em Taipé, após a Segunda Guerra, na guerra civil entre o Partido Nacionalista Chinês e o Partido Comunista, esse último que representa hoje a República Popular da China (RPC), no continente. A RC já teve jurisdição sobre toda a China. Hoje é a 21ª economia do mundo, em um regime semipresidencialista com sufrágio universal. A China vem conduzindo manobras militares aéreas e marítimas em torno de Taiwan (intensificadas nos últimos meses). Chamou atenção a declaração do Ministro de Relações Exteriores do país, afirmando que “Taiwan lutará até o fim se a China atacar a ilha”, acendendo o sinal vermelho na geopolítica da região.
As águas
A China intensificou inclusive as manobras marítimas no entorno de Taiwan, com os seus porta-aviões. O temor seria a possibilidade de Pequim orquestrar algum ataque à Taiwan, o que está favorecendo aos aliados democráticos da ilha, como EUA, a construção de cenários e tomadas de decisões, caso a questão se intensifique. Washington tem fornecido a Taiwan armas e tecnologia militar, para que se torne um alvo complexo para Pequim.
War Games (Jogos de Guerra)
Nos próximos dias, o Ministério da Defesa de Taiwan realizará aproximadamente oito dias de simulações de jogos de guerra, com o cenário de um possível ataque chinês. Os modernos computadores e as simulações servem para ampliar cenários para a tomada de decisões necessárias em caso de resposta.
Zona aérea
Na semana (até o fechamento desta coluna, dia 07/04/21), a China enviou os seus caças para sobrevoarem a zona aérea de defesa de Taiwan, em exercício claro para demonstração de forças, forçando a derradeira manifestação de seu Ministro de Relações Exteriores, de que lutaria até o fim, em caso de ataque.