Distanciamento, máscara, vacina e paciência
Além do próprio vírus, o que mais vemos nessa pandemia são as manifestações. Até parece que temos uma epidemia de manifestantes. Mal o vírus desembarcou e já tínhamos protestos nas ruas. Interessante é que ainda não vi sequer uma manifestação clamando pelo isolamento social, pedindo para que as pessoas usem máscaras ou implorando pela vacinação. Isso demonstra que o ímpeto manifestante ronca mais pelo próprio umbigo do que pelo interesse coletivo. Dia desses, em recente episódio dessa série protestante, observei os mais contraditórios fluxos. Em um sentido da Avenida Brasil seguiam manifestantes anti-restrições e na outra pista um cortejo fúnebre. Nessa triste condição pandêmica, parecia que as buzinas saudavam o morto.
Porém, diante desse clima antagônico, é bom lembrar que ninguém suporta viver em pandemia. As restrições fazem mal da cabeça ao bolso. Por isso compreendo os impulsos que surgem do desejo em normalizar atividades. Também estou com o pé que é um leque para sair por aí. Aguardo pela segunda dose da vacina, mais um período necessário e, somente então, poderei sair um pouco mais. Mas isso também não significa andar por aí à moda Miguelão. A volta à normalidade não será da forma como nós desejamos. A normalidade é consequência do momento sanitário. Portanto, a volta ao normal será lenta e gradual. É necessário conter essa ansiedade, mesmo que carregada de necessidades e consequências. Não podemos atropelar a evolução sanitária. Com a vacinação, logo teremos esse retorno gradual. Sem afobações, o normal pode ser logo ali. Sejamos educados diante do coletivo. E, por favor, contenham a ansiedade e o ímpeto em atropelar o tempo.
Sem senso, sem Censo
Pela mais absoluta falta de senso, podemos ficar sem o Censo. Sim, o recenseamento pode não acontecer por falta de orçamento. O Censo Demográfico é realizado a cada dez anos, desde 1940. Em consequência da pandemia, o de 2020 seria feito este ano. O resultado do Censo é a mais importante informação estatística que temos no país. É fundamental para a economia, em todos os níveis. É ferramenta indispensável para acompanhamento da saúde, educação, comércio, indústria, agropecuária etc. Mesmo com toda essa magnitude, está sendo preterido. Sem o Censo perderemos o fio da meada estatística do Brasil. Será um estrago sem volta. Opa... Será que existiria algum interesse nesse vácuo? Ou seria apenas uma leve distorção orçamentária entre a pólvora e a informação?
Butantan
Quando somos vítimas de uma cobra, ainda bem que podemos contar com o Butantan.
Voo planado
Olho para o horizonte com o pensamento planando, tal qual um planador sobre a nova Terra plana. Nessa planície, a plenitude é infinita. O horizonte sem fim até espelha a realidade. E surgem as mais ingênuas indagações. Será que as pessoas já nascem más? Será que a maldade é genética? Será que a perversidade não tem fim? Será? Será?
Até quando...
- vamos conviver com entregadores que não utilizam máscaras de proteção?
- os robustos caminhões integrarão o cenário da Avenida Brasil?
- haverá privilegiados no estacionamento rotativo da Área Azul?
Trilha sonora
A boa música que quase não se ouve mais por aí. Melodia, letra, arranjo e instrumentistas. Erasmo Carlos e Marisa Monte - Mais Um Na Multidão