OPINIÃO

Crianças anunciam vida

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O mês de maio consagra no calendário a mais sagrada relação de vida. Falamos da celebração do dia das mães, que é indissociável do filho e a criança. A preocupação dolorosa e profunda que comprime as famílias ameaçadas ou vitimadas pela tristeza da morte produziu situações terríveis. A convivência de dias, meses, semanas, horas, minutos e segundos parece submergir na impotência humana pela impiedosa epidemia. A afetação da própria lucidez individual. As inventivas perversas agravam o senso coletivo de esperança, amenizado pela base do sentimento humano, o espírito de compreensão, a compaixão. A razão sofre abalos. É neste momento que as condições de retomada das formas normais de vida recriam a milagrosa sensação de resistência. Esta força da própria natureza emana da presença das crianças, indo paulatinamente à escola, anunciando com força de natureza, arte da vida e insuperável vigor religioso que é possível retomar a alegria de viver. Para a infância é possível agir na própria inocência, como uma nova aurora, como seres depositários da regeneração, enfim o sol e orvalho matutinos prenunciando esperança. O retorno das crianças, como pássaros formando os primeiros sons em gorjeio animam o retorno da saúde e da vida. Salvar a convivência infantil nas escolas é nutrir fertilidade.

Responsabilidade

As condições históricas de sanidade na Índia há muito causam preocupação. Além do mais, é a segunda maior população do mundo. A nação indiana tem incrível resistência à fome e saneamento que serve de advertência ao Brasil. Outro fator observado por jornalistas do mundo é erro crasso que assolou da mesma forma nossa pátria. Há narrativa que indica omissão grave dos mandatários, em meio ao clima eleitoral naquele país, dissipando a urgente atenção em relação à pandemia. O perigo está em todos os quadrantes do planeta. Em consequência o desastre é maior quando as atenções do governo, cuja única missão é combater o vírus, desviam forças ao interesse eleitoral. O caos na Índia é alerta para nosso país, mesmo que as condições a nosso alcance sejam bem maiores. Priorizar questões meramente eleitorais, além dos erros de omissão na compra da vacina torna mais terrível nosso índice de responsabilidade. A honestidade está em questão, tanto nos parâmetros de responsabilidade exigida dos líderes pagos com dinheiro do povo como pelos descalabros de corrupção nesta hora grave. Vejam a desgraça indiana, onde foram liberados comícios e festas religiosas negacionistas. É a perigosa semelhança com o Brasil.

O rancor 

O mau desempenho das políticas públicas, desdenhando a exasperada ação dos sanitaristas está sendo pago com aumento de mortes de brasileiros. A explicação reducionista de que há dificuldades em todos os países é conversa pra boi dormir. Nosso país tem muitas riquezas, além da solidariedade da sociedade civil. Acontece que ações de ódio e rancor têm sido demasiadamente cultivados, sem trégua. O mal da pandemia avança inexorável, desafiando o brio de um patriotismo que se apresenta através de ridículo moralismo nacionalista abominando a compaixão.

Chega de bravatas

Observa-se que há um grupo empenhado em usar estratégias de ódio criminoso para esconder a gravidade e responsabilidade em relação à pandemia. Isso tem que acabar. Inadmissível o cinismo ostentado pelo centro do poder. São bravatas que afrontam a seriedade do momento.

Vacina

O acesso à vacina é aliado indispensável para reconstruir derrota da saúde pública e das condições de sobrevivência de um povo. O andar trôpego da nossa economia atropelada pela insana diferença social de muitos anos ainda deixava esperança numa retomada. Ainda esperamos, mas a violência da peste coronavírus, sem a atenção devida de governantes atrasou tudo. O ritmo desta guerra mostra, desemprego, fome e miséria alarmante. Ainda temos esperança de aumentar a pressão pela chegada de vacinas suficientes. Aos poucos poderemos recomeçar. Que o grito de angústia de nossa gente trabalhadora, sem demora, ative o pleno socorro à vida.  

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