OPINIÃO

OH, VINDE ESPÍRITO CRIADOR

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Veni creator Spiritus, assim começa em latim um belo hino ao Espírito Santo atribuído a São Rabano Mauro, arcebispo de Mainz, Alemanha, do século IX.

“Oh, vinde, Espírito Criador, as nossas almas visitai e enchei os nossos corações com os vossos dons celestiais.

Vós sois chamado o Intercessor, do Deus excelso o dom sem par, a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.

Sois doador dos sete dons, e sois poder na mão do Pai, por Ele prometido a nós, por nós seus feitos proclamai.

A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor, nossa fraqueza encorajei, qual força eterna e protetor.

Nosso inimigo repeli, e concedei-nos vossa paz; se pela graça nos guiais, o mal deixamos para trás.

Ao Pai e ao Filho Salvador por vós possamos conhecer. Que procedeis do seu amor fazei-nos sempre firmes crer. Amém!”

Quem é o Espírito Santo ou o que é o Espírito Santo? Como podemos conhecê-lo? O que realiza? Uma primeira resposta encontramos no hino: Oh vinde, Espírito Criador. Temos aí uma referência ao segundo versículo da Bíblia, que com o recurso a imagens, exprime a criação do universo. “A terra era sem forma e vazia, e sobre o abismo havia trevas, e o espírito de Deus pairava sobre as águas”. O mundo que vivemos é obra do Espírito Criador e sua vastidão, complexidade e maravilhas expressam a sabedoria divina. Diante disso o cristão que crê no Espírito Criador deve tomar consciência de que não pode abusar da criação e das criaturas. A criação deve ser considerada um dom confiado para ser cuidado e se tornar um jardim para Deus e para o homem.

Conhecemos melhor o Espírito Santo através de Jesus Cristo. “Soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo” (João 20, 22). Qual o efeito disto? Deus vem para dar vida e liberdade. “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (João 10,10). Vida e liberdade são aspirações fundamentais. Qual vida e qual liberdade?

Existe o conceito de vida e liberdade do filho pródigo (Lucas 15, 11-31). Ele pediu a herança em hora inapropriada, recebeu-a e agora sentia-se livre. Finalmente vivia a vida já sem o peso das responsabilidades da casa, da filiação, queria simplesmente viver. Receber da vida tudo o que podia oferecer e gozá-la plenamente. Viver, só viver. Queria ser totalmente livre para fazer tudo e somente que desejava, ter uma vida “desenfreada”; não aceitar qualquer critério fora e acima de si mesmo. A consequência desta compreensão de vida e liberdade foi a destruição. No final, chegou a invejar a comida dos porcos que cuidava.

A vida e a liberdade que provém do Espírito Criador vão noutra direção protagonizada pelo filho pródigo, como nos sugerem os textos bíblicos do Domingo de Pentecostes. A diversidade de povos e línguas não é motivo de conflito, mas todos ficam admirados por entenderam o que estava sendo anunciado. Cria-se um ambiente de paz, de perdão e reconciliação. O Espírito Criador cria diversidade, tanto de dons, ministérios e atividades. A diversidade está para servir o bem comum. É o Espírito que proporciona a alegria de ficar em casa com os irmãos e irmãs e realizar o que faz bem a todos.


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