Os macaquinhos
Nasci na casa dos meus pais. Quando abri os olhos uma das primeiras imagens, ainda turvas, era a de um enfeite sobre um balcão da sala. Uma espécie de bibelô com três macaquinhos. Ora, aqueles bichinhos despertavam a curiosidade de um bebê arteiro. Os macaquinhos pareciam um brinquedinho magnético que atraia os olhares das crianças. Lá estavam os macacos tapando os ouvidos, a boca e os olhos. Um não ouve, outro não fala e o terceiro não vê. Com o passar do tempo, me contaram que representavam os três macacos sábios. Muitas vezes, em irônica didática, o meu pai apontava ao Iwazaru (o macaco que não fala) para repreender este tagarela incorrigível. Ou, quando minhas antenas estavam ligadas além dos meus limites, ele mostrava Kikazaru (o macaquinho que não ouve). E, ainda, usava o terceiro, Mizaru (aquele que não vê) para amenizar as minhas bisbilhotices.
O tempo seguiu. Caíram os meus dentes de leite e antes da chegada do (ainda?) esperado siso soube que os simpáticos símios eram originários da mitologia chinesa. Permitem muitas leituras para facilitar grandes ensinamentos e são universais. No Japão, são conhecidos como regra de ouro: não veja o mal, não ouça o mal e não fale o mal. Entendemos isso como algo muito bom, pois reprimem o mal e, portanto, representam o bem. Personagens que também simbolizam a nossa capacidade de enxergar, ouvir e falar. Os macaquinhos ficaram na minha lembrança e, o mais importante, escaparam ilesos das peripécias de um guri arteiro. Hoje, ainda indicam condutas necessárias e reprimem nossos erros. Nos últimos tempos, estão mais atuais do que nunca: “não olhe para o mal, não escute o mal e não pronuncie o mal”. Até poderíamos incluir um quarto macaquinho para representar a estática, mostrando que não devemos seguir a irracionalidade. De fato, esses macacos são sábios e até podem auxiliar na evolução de primatas disfarçados.
Abuso
O comércio ambulante existe há milênios. O camelô é personagem da paisagem urbana e, como bem sabemos, até pode chegar à televisão. O ambulante merece respeito, mas também deve acatar as normas de convívio social. Na Avenida Brasil, o passeio público está transformando-se num shopping. Pior, um shopping com circulação restrita. Sim. Os ambulantes ocupam a parte embaixo das marquises e obrigam quem caminha nas calçadas à desviar das mercadorias. Outros instalam balcões no passeio público (pode?). Ora, quando chove temos que desviar as “lojinhas” e tomar um banho na calçada. Além disso, afunilam o fluxo e comprimem as pessoas facilitando o contágio durante a pandemia.
Boka
Escrevi que haveria novidades no Boka e aticei a curiosidade de muita gente. Pois bem, discretamente, vou antecipar algumas coisas. Mas, é claro, em sigilo absoluto. Nos próximos dias será lançado o novo cardápio do Boka. Pronto. Agora já contei. Certamente, querem saber mais detalhes. Pois bem, para alívio dos mais conservadores, soube que os clássicos da casa permanecerão inalterados. Mas haverá novas alternativas, que vão de opções vegetarianas aos novos pratos consagrados mundo afora. Segundo minhas fontes, o novo cardápio tem estreia prevista para a próxima semana.
Caminhões
É tanto caminhão atravessando a área urbana de Passo Fundo que já podemos chamar a Avenida Brasil de “Trans-passo-fundense”. Se continuar assim, em breve o Sest-Senat até poderia mudar-se para o centro da cidade e, assim, facilitar a logística dos serviços prestados aos caminhoneiros.
Estacionamento
Parece que não há cura e sequer vacina para a síndrome do abuso, que afeta a Área Azul da Avenida Brasil. Os mesmos carros permanecem horas naquele trechinho entre a Bento e o Comercial. Será que a fiscalização ainda não viu?
Trilha Sonora
Pomplamoose - Killing Me Softly With His Song