OPINIÃO

O espírito dos filhos de Deus

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A Solenidade da Santíssima Trindade reza e louva “um só Deus em três pessoas”. É o Deus revelado por Jesus Cristo. Estamos diante de um mistério que não indica uma realidade obscura e incompreensível, mas algo que se pode ter acesso e ser compreendido. Requer sim da razão humana uma abertura para uma sempre melhor compreensão e penetração. O mistério não vai contra a razão humana. A fé cristã não é uma experiência irracional, pelo contrário o mistério fundamenta a possibilidade de crescimento e de ampliação do conhecimento humano. Isto significa que diante do mistério exige-se uma postura de constante abertura, pois jamais Deus pode ser limitado aos limites da racionalidade dos pensamentos e ser expresso em limitados conceitos. Deus será sempre transcendente.

O Deus revelado nos textos bíblicos não se situa no âmbito conceitual, mas no âmbito das ações na história e nas relações com os humanos. Deus se conhece pelo seu agir e não pela especulação teórica. O mesmo se pode dizer sobre o ser humano. Uma pessoa se conhece mais pelas ações e pela sua existência do que pelas definições teóricas. Os textos bíblicos do domingo da Solenidade da Santíssima Trindade apontam nesta direção.

O livro do Deuteronômio, capítulo 4, mostra Moisés convidando os ouvintes a recordarem o passado. Uma longa história que conta a presença e atuação de Deus em favor do povo. Esta história não pode ser ignorada, nem desprezada. É uma história que questiona a vida presente e a cada um em particular. A resposta humana não pode ser abstrata e nem teórica ou a repetição de fórmulas, mesmo que sejam aparentemente piedosas. A resposta dos fieis requer um empenho vivencial.

No Novo Testamento a vinculação de Deus e os fiéis fica mais compreensível pelas ações e revelações de Jesus Cristo. Ao final os apóstolos recebem o mandato de promoveram a comunhão com Deus. “Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim dos tempos”. (Mateus 28, 19-20).

São Paulo, na Carta aos Romanos 8,14-17, ensina que a vital relação de Deus trindade com os féis batizados os faz terem um “espírito de filhos adotivos, no qual todos nós clamamos: Abá, ó Pai! O próprio Espírito se une ao nosso espírito para nos atestar que somos filhos de Deus. E, se somos filhos, somos herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo”.

As palavras de São Paulo no Areópago de Atenas (Atos 17, 16-34) resumem a presença de Deus na história da humanidade. “Na realidade (Deus) não está longe de cada um de nós; pois nele vivemos, nos movemos e existimos”.

Os cristãos são batizados na fé de Deus uno e trino. Isto os torna semelhantes a Ele, os faz filhos adotivos e herdeiros. Da fé neste Deus emana a missão de viver ao modo de Deus. Conhecendo a intimidade de Deus que não é solidão infinita, mas comunhão de amor, vida doada e recebida. O espírito trinitário que move os fiéis batizados e que têm a Deus como Pai comum manifestam visivelmente a fé na comunhão nas diferenças, na partilha das preocupações, na solidariedade. As relações estabelecidas são a concretização do amor a Deus e ao próximo.

 Uma música tradicional canta: “Glória seja ao Pai, Glória seja ao Filho, Glória ao Espírito Santo seu amor também. Ele é um só Deus, em pessoas três, agora e sempre sem fim. Amém”.

 


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