Entramos na Rosa Púrpura
A ficção imita a realidade. Mas a realidade também reflete a ficção. Agora, nos colocaram muito além e já encarnamos a ficção. Estamos numa época em que a mentira usurpou o respeito da verdade. Sim, estamos num período onde o fictício assumiu o papel da realidade. Como em “A Rosa Púrpura do Cairo”, de Woody Allen, fomos arrancados das poltronas e jogados para dentro da tela. Viramos coadjuvantes acéfalos num enredo misterioso. A luz forte dos holofotes não permite enxergar quem está dirigindo as cenas. Certamente, aterrorizantes, são figuras malévolas envoltas por carapaças entre os vapores de um laboratório do mal. Antes de entrar nesse enredo, muitos personagens foram gradualmente preparados. Ao invés de decorarem os seus papéis, receberam repetitivos estímulos sensoriais pelas redes sociais. Através de um longo ensaio, os textos estão bem decorados e respondem por reflexos.
Aquilo que ao primeiro olhar parece apenas uma bobagem inofensiva é artifício nesse processo, cujo objetivo atinge cérebros e muda opiniões. É claro que existe uma fonte produtora dessas insanidades. Mas essa rede criminosa, como mostravam antigos filmes de horror e ficção científica, já doutrinou e ainda acabou formando novos vetores. São condutores, repassadores e até produtores de fake news. É uma rede muito bem articulada, desenvolvida pela multiplicação em progressão geométrica. Mas não podemos nos esquecer de que essa rede tem por objetivo divulgar inverdades. Ora, mas propagar mentiras não é crime? Então algo deve ser feito. Existem, sim, instrumentos para rastrear, detectar e identificar essa rede criminosa, seus integrantes e, é claro, chegar aos seus líderes. E, cá entre nós, mesmo sem tecnologia de ponta, uma simples investigação à moda antiga pode resolver isso. Basta querer e puxar um fio dessa meada. Então, realidade ou ficção, eu fico aqui me perguntando por que não o fazem?
Orientação
O GPS, sistema de localização por satélite, é cada dia mais utilizado. Muitas vezes mal utilizado. É claro que o GPS é uma mão na roda, ajuda na localização de endereços, informa sobre os caminhos e até nos protege de levarmos algumas multas. Porém, muita gente acaba sofrendo com informações erradas. Basta observar os caminhões que atravessam a Avenida Brasil, pois, segundo o GPS, estariam numa rodovia. Esses dias, um entregador foi conduzido por engano até um apêndice da Brasil, quase lá no Jaboticabal. E no endereço estava escrito Avenida Brasil Centro. Culpa do GPS? Não. Despreparo para o uso do sistema. Antes de utilizar a informação do cruzamento de dados dos satélites, devemos saber onde estamos. É necessário ter algumas noções básicas de orientação. Isso começa com uma bússola e um mapa para ter uma localização dentro dos pontos cardeais. Depois dessas informações, então, sim, teremos uma noção para saber por onde andamos. E dessa forma poderemos ter o auxilio de um GPS. Mas apenas seguir o GPS de forma irracional é algo temerário. Até porque somos racionais e não nos basta uma voz de comando.
Intocáveis?
Parece piada, mas é realidade. Faz tempo que há privilegiados em trecho na Área Azul da Avenida Brasil. São aqueles que, quase todos os dias, deixam os seus carros por horas nos mesmos locais. E isso acontece num estacionamento de sistema rotativo. Por que há privilégios? Ou seria apenas sorte desses infratores não serem notados pela fiscalização? Ora, se isso está certo, por isonomia todos poderemos usufruir do mesmo espaço gratuitamente pelo tempo que quisermos.
Trilha Sonora
E dizer que esse cabeludo da Jovem Guarda já completou 80 anos. Erasmo Carlos – Sentado à Beira do Caminho