A liturgia dominical inicia a leitura da Carta aos Efésios. Após a saudação inicial segue um belo hino de louvor Deus (Efésios, 1,3-14), que resume todo o agir de Deus no conceito de bênção. O Cardeal Gianfranco Ravasi afirma que o hino apresenta sete motivos no plano divino da salvação. Esta foi a experiência de fé de São Paulo que testemunha a eficácia do seu encontro com Cristo que transformou a sua vida. Reconhece como Deus foi bondoso para com ele através de Jesus Cristo. As bênçãos recebidas são um convite a prestar um louvor permanente.
O primeiro motivo da bênção é a eleição do homem para participar da vida divina, isto ocorre “antes da fundação do mundo” e antes de qualquer realização histórica. O objetivo é ser “santos e irrepreensíveis no amor”. Revela que a vida humana tem uma direção, uma finalidade e também um sentido. Caminhamos neste mundo sabendo onde ir e como viver.
O segundo motivo da bênção é que “ele nos predestinou para sermos filhos adotivos”. Deus é apresentado com Pai, não somente das realidades celestes, também da criação e das criaturas. Se mostrou como “Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”. A filiação é a experiência de ser desejado, querido e amado desde a origem. Filiação revela cuidado, presença e acompanhamento. Não se está só e nem se órfão.
O terceiro motivo é a redenção. “Pelo seu sangue, fomos libertados”. É o ponto culminante da graça de Deus. É obra histórica da redenção realizada por Cristo. A liberdade e a gratuidade do seu amor que exaltam a glória divina. Ele concede a graça santificante que opera no homem que vem dada gratuitamente por Deus.
O quarto motivo da bênção é a revelação dos mistérios divinos. Cristo recapitula e une sob sua autoridade, para reconduzir a Deus, o mundo criado que o pecado corrompeu e dividiu. Em Cristo brilha novamente a harmonia original de toda a criação e a compreensão da vontade de Deus a respeito das criaturas. As leis e os mandamentos são levados à sua perfeição, tanto na compreensão quanto na vivência.
O quinto motivo da bênção é a herança das realidades provenientes de Deus. A herança é destinada a quem tem o direito por vinculação legal e outra parte da herança pode ser destinada livremente pela vontade do proprietário. Os fiéis encontram-se na situação de herdeiros legítimos por serem “filhos adotivos”. Deus os quis como filhos, quis estabelecer uma relação permanente. Mas a herança também se situa na dimensão da gratuidade e da generosidade divina que doa a si mesmo para enriquecer as criaturas.
A sexta bênção, completa os ensinamentos anteriores, fala partilha do dom do Espírito na comunidade. A última etapa é o louvor que liga as etapas anteriores atribuídas à bondade de Deus Pai. A renovação do plano de Deus afirma que existe um direcionamento que leva à comunhão de todos com Deus mediante Jesus Cristo.
Ao final, o hino de louvor recorda a graça de ser “ouvintes da verdade, o Evangelho que vos salva”. O Evangelho anunciado conserva o caminho abençoado. Os fiéis também são marcados com o selo do Espírito Santo que “é o penhor da nossa herança para a redenção do povo que ele adquiriu, para o louvor da sua glória”.