Nem todos os avós são idosos e nem todos os idosos são avós. O Papa Francisco com o desejo de homenagear os avós e os idosos pediu que no quarto domingo de julho, nas proximidades da festa de São Joaquim e Santa Ana (26 de julho), se celebrasse o Dia Mundial dos Avós e Idosos na Igreja. Joaquim e Ana, segundo o apócrifo protoevangelho de Tiago, do século II, são os pais de Maria.
O papa dirige-se aos avós e aos idosos através da carta intitulada “Eu estou contigo todos os dias” (cf. Mateus 28,20). Foi a promessa de Jesus antes de subir ao Céu. As promessas são para serem cumpridas. Deus é fiel e cumpre o que diz, recorda o papa. Os avós e idosos podem ter a certeza da presença divina, testemunha Francisco, ele também idoso. Faz-se solidário a eles e pede que toda a Igreja manifeste, de forma criativa a sua presença junto a esta parcela significativa da Igreja e da humanidade.
Sempre que o Papa se refere a um grupo específico de pessoas, mesmo que sejam os mais marginalizados da sociedade e da Igreja, ele nunca os trata como meros destinatários passivos ou simples receptores de cuidados. Sempre afirma que são agentes e devem também colaborar conforme as suas potencialidades e possibilidades. Os mais fragilizados sempre têm algo a oferecer e ensinar.
Francisco dá o seu testemunho pessoal lembrando que estava se tornando arcebispo emérito de Buenos Aires, já não esperava nenhuma nova missão, mesmo assim foi eleito papa aos 76 anos. Foi lhe dada a mais desafiadora missão para um católico, ser papa. Lembra que o mandato de Jesus “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19) é dirigido aos idosos e avós. Escreve na carta: “Atenção! Qual é nossa vocação hoje, na nossa idade? Salvaguardar as raízes, transmitir a fé aos jovens e cuidar dos pequeninos. Não esqueçais disto. Não importas quantos anos tens (...) porque não existe idade para aposentar-se da tarefa de anunciar o Evangelho, da tarefa de transmitir tradições aos netos. É preciso pôr-se a caminho e, sobretudo, sair de si mesmo para empreender algo de novo”.
Convida os avós e idosos para ajudar a “construir, na fraternidade e na amizade social, o mundo do amanhã”. Sugere três pilares para sustentar a nova criação que eles podem ajudar a colocar: “os sonhos, a memória e a oração”.
Os idosos e avós têm “sonhos de justiça, de paz e de solidariedade”. Sonhos partilhados com os jovens, e juntos constroem o futuro. São sonhos alimentados e purificados pelos anos vividos e que são realizáveis.
O segundo pilar é a memória. Recordar é viver, diz o ditado. Fazer memória dos fatos significativos, principalmente daqueles dolorosos das guerras, das violências e catástrofes causadas pela maldade humana. Estes fatos não podem ser esquecidos. São alertas para desestimular a escolha de alguns caminhos, mesmo que aparentemente sejam solução de problemas. A memória ajuda a aprender com a história.
O terceiro pilar é a oração. Cita um ensinamento de Bento XVI de 2012 que a “oração dos idosos pode proteger o mundo, ajudando-o talvez de modo mais incisivo do que fadiga de tantos”. Diante da oração de intercessão de avós pelos filhos e netos, pela Igreja e pelo mundo não será vã e Deus não ficará indiferente. Pois a oração é “um recurso preciosíssimo: é um pulmão de que não se podem privar a Igreja e o mundo”, conclui o papa.