Imaturidade política
Entre política e politicagem a vida pública segue. Entre mandos ou desmandos o tempo passa. Mas a política, como essência de organização da convivência social, não agrega aquilo que de melhor o tempo passado nos deixa: a maturidade. Assim como os frutos em seus pés, as pessoas também amadurecem com o passar do tempo. Amadurecemos e até envelhecemos. Mas na política observo que há um vácuo na fase de amadurecimento. Pelo que vejo e ouço, mais retrocedemos do que avançamos. Sim, a política é extremamente dinâmica e, na mesma proporção, deveria resultar em evolução. Pela mais simples lógica, temos a expectativa de que todos os atos e fatos políticos movimentem as engrenagens evolutivas. Porém, na prática é bem diferente.
Ainda temos gente confundindo mandato com mamata ou sonhando com a ilusória bondade das almas. O problema é que essas posturas não permitiram o amadurecimento. Então a falta de maturidade propiciou uma espécie de grenalização da vida pública. A argumentação política, enquanto ainda permitida, virou bate-boca de piá depois de um jogo de futebol. Assim, vivemos a insanidade da burrice radical. Vislumbramos uma divisão com extremos de absoluta infantilidade. De um lado temos um romantismo político infantil. De outro a birrenta criancice do revanchismo. Em comum, as duas pontas carregam o radicalismo. São inconsequentes e oportunistas. E a inconsequência e o oportunismo também resultam da falta de maturidade.
Ivens Ribas
E lá se foi meu preclaro amigo Ivens Ribas. Mais um parceiro levado pelo tempo. Ivens foi uma das primeiras amizades que fiz em Passo Fundo, através do amigo comum Jorginho Figueiredo Ramos. Juntos, vivemos belos e divertidos momentos com nosso querido ‘Doutor Confusão’. Mas, muito além de apelidos recíprocos, convivemos nos momentos extremos da vida. Tanto que o Ivens foi o meu padrinho de casamento! Tristezas de lado, ficam maravilhosas lembranças de um verdadeiro amigão. Mas o bonito foi aquilo que postaram nas redes sociais os seus colegas advogados, enaltecendo a conduta proba e sua maravilhosa índole. Ivens entristeceu muita gente ao nos deixar aos 82 anos. Triste.
Meteorologista do Boqueirão
Que analista, que psicólogo que nada. Aqui em Passo Fundo temos o Meteorologista do Boqueirão. Como todos que cruzam pela Brasil, Moron ou Independência bem sabem, basta dar uma espiadinha no Boqueirão para dizer se vai chover ou não. Mas essa técnica é básica e até considerada elementar, exercitada da pré-escola à pós-graduação. Porém, os céus que se formam pelo Boqueirão permitem amplas e detalhadas avaliações. Formato e tonalidade das nuvens propiciam leituras científicas mais apuradas. Mas isso não é para qualquer um. Exceto para o Meteorologista do Boqueirão. Nascido numa descida da Vila Luiza, passou a infância dependurado numa janela onde despontava o enigmático céu do Boqueirão. Cresceu vendo os temporais desde a concepção boqueiriana até verter pela cidade. Porém, enquanto o céu estava limpo, aproveitou para devorar toda a saga “Meteorologia: Fatos & Mitos”, de Gilberto Cunha. Enfim, somou sua intuitiva observação com o conhecimento científico. Mesmo sem barômetro e anemômetro, hoje ele é o equivalente a uma estação meteorológica. Basta uma olhada para o horizonte e o Meteorologista do Boqueirão já tem uma previsão completa. Sabe precisar a hora em que vai chover, a força dos ventos e, ainda, de quantos milímetros será a precipitação. Coisas que só o céu do Boqueirão pode explicar.
Estacionamento
Não melhorou. Parece que piorou.
Trilha Sonora
Música e aviação, uma combinação afinadíssima. Ou, nesse caso, italianíssima. Raffaella Carrà - Nel Blu Dipinto Di Blu (Volare)