Seria difícil desconhecer o deslumbrante espetáculo das olimpíadas de Tóquio e se deixar tocar pelo esforço de atletas expoentes de vitalidade. Verifica-se um panorama mundial inverso ao calvário que todos os humanos experimentam com as consequências da pandemia. Para nós brasileiros, sem dúvidas muitos momentos de encantamento, força, ternura e arte com as apresentações de nossos representantes. A aplicação e persistência da Rebeca Andrade foi comovente. Sente-se que não é apenas a medalha que a conduziu ao sucesso. Mostrou que é preciso avaliar momentos da vida, o desafio permanente, com a falta de condições que é comum no país. Serena e altiva, não se deixou impressionar pelas pressões de favoritismo. Seu rosto refletiu algo a mais que a esperança, talvez a crença que devemos ter em dias melhores. Parece que tivemos motivos para momentos de descompressão diante dos efeitos do coronavírus, sugerindo que o potencial humano. O apreço pela forma corporal e saúde é ponto fundamental para sairmos rumo aos momentos mais felizes da vida. A afirmação de contentamento pela simples razão de participar do certame mundial chama atenção para a retomada do conceito de felicidade. A sobrevivência digna é suporte da vida. Daí em diante variam as condições e êxitos, no sentido do que chamamos sucesso. Todas as tarefas complementares que cercam os atletas confirmam uma coisa: Consegue-se êxito com a cooperação de equipe e comunidade.
Lição
A menina Rayssa Leal, após o sucesso no sckate, incorporou uma leitura de muito valor para o senso humano. Sem deslumbramentos excessivos limitou sua alegria a gestos ponderados, dando uma verdadeira lição aos adultos e autoridades brasileiras, recomendando recato nas manifestações para evitar aglomeração. Gesto de responsabilidade e sabedoria de vida, recomendando cuidados, uso de máscara e cautelas de saúde. Senhor presidente da República, observe a pureza e sensatez no gesto da nossa Fadinha, que recomenda procedimentos os mais sérios nesta hora grave de nosso país. É lição de honradez, moral e ética.
Fundo do rio
O acontecimento monstruoso da mãe que jogou o filho no rio Tramandaí é inominável. O problema é que, em situação semelhante ou em escala menos intensa, as crianças estão sujeitas a verdadeiras atrocidades. As circunstâncias de tortura contra a criança, logicamente, são revoltantes. O desvio de caráter da mãe não foi percebido antes por quê?
Violência doméstica
Tema gravíssimo é a violência doméstica. Faz vítimas a mulher e a criança. Maria da Penha alerta que o enfrentamento dessa amargura familiar não é coisa de ser pensada como esquerda ou direita.
As escolas
Uma das principais referências da vida é a escola, principalmente no ensino infantil. Muitas sementes de vida compartilhada numa sala de aula. Com o início do período presencial nas escolas, abre-se período promissor. Não é hora de se lamentar, mas de tomar o pulso dos trabalhos após essa inarredável experiência na vida de todos e que se insere definitivamente na nossa cultura. A infância tem o dom único de agitar, gritar, cantar ou chorar, com muita vida. É disso que precisamos para aquecer o corpo e a alma.
Passo Fundo
São mais de 60 anos, desde que vim morar na cidade de Passo Fundo, em agosto de 1954. Tudo era muito emocionante, ver o dia alvorecer na rua Senador Pinheiro, defronte a Brigada Velha, ao som do clarim e a cavalaria. Hoje olho o entardecer e sua coloração forte tingindo horizonte. Também é a terra de muitas nascentes que formam um dorso santuário. Ao celebrarmos 164 anos de desenvolvimento de Passo Fundo vejo os motivos do apreço por esta terra. Fui à escola, diplomei-me na UPF, e vi meu filho nascer. Sempre trabalhei, desde guri, com uma gaiota entregando lenha. E é o trabalho, a cultura e a arte de nossa gente que nos fazem felizes por aqui. Salve Passo Fundo, nossa querência.