Quando, nesse 7 de agosto de 2021, a municipalidade de Passo Fundo estiver comemorando 164 anos de existência, a Academia Passo-Fundense de Letras, fundada em 7 de abril de 1938, pode dizer que teve o privilégio de fazer parte dos últimos 83. Talvez nem todos entendam que esse “fazer parte” significa, efetivamente, ter contribuído para que inciativas que outrora pareciam sonhos hoje estejam materializadas no dia a dia de quem vive em Passo Fundo. Vamos conhecer algumas?
Uma das primeiras ações da novel agremiação cultural, que ainda se faz presente na cidade, foi, em 2 de fevereiro de 1940, comprar a biblioteca do Sr. Oscar César e, com o apoio da Prefeitura Municipal e do Rotary Club, transformá-la em biblioteca pública, que, a partir de 2 de abril de 1940, por decreto emanado pelo prefeito Arthur Ferreira Filho, passou a funcionar na sede da Academia Passo-Fundense de Letras, no velho casarão da Av. Brasil Oeste, nº 792. Nascia assim a atual Biblioteca Pública Municipal Arno Viuniski que, na segunda metade dos anos 1970 deixaria a sede da Academia de Letras e, a partir de janeiro de 1983, passou a ocupar o edifício na Rua Morom, nº 2019, construído, não casualmente, em terreno de propriedade da Academia de Letras. E como bibliotecas são caras para as Academias de Letras, a agremiação, no cumprimento da sua missão, em 9 de outubro de 1959, inauguraria uma Biblioteca Ambulante, com a colocação de estantes de livros nas estações rodoviárias de Coxilha e Sertão, que, na época, faziam parte de Passo Fundo.
O ensino superior em Passo Fundo, de tão presente na cidade nem parece que, um dia, precisou ser discutido e iniciado. Era evidente que um tema dessa natureza, em uma instituição que agregava as principais forças intelectuais da cidade, não passaria à margem das suas reuniões de trabalho. Não passaria e não passou, pois, conforme ata de reunião do dia 17 de agosto de 1951, foi redigido e aprovado um telegrama a ser enviado ao presidente Getúlio Vargas propondo a criação de uma Universidade em Passo Fundo. O pedido, ainda que não concretizado, desembocaria na criação da Faculdade de Direto, em 1956, mantida pela Sociedade Pró-Universidade, e, em 1957, na Faculdade de Filosofia, mantida pelo Consórcio Universitário Católico, cuja fusão daria origem, em 1968, à UPF.
Antes das Jornadas Nacionais de Literatura, era a Academia Passo-Fundense de Letras que cumpria o papel de trazer escritores e outros intelectuais a Passo Fundo. Alguns exemplos de nomes que, auspiciados pela instituição das letras locais, estiveram dando conferências em Passo Fundo: Agrippino Grieco (4 de abril de 1941), Erico Verissimo (30 de julho de 1943), Malba Tahan (20 de outubro de 1948), Dante de Laytano (17 de agosto de 1962) e Arthur Ferreira Filho (18 de julho de 1967).
A origem do movimento tradicionalista em Passo Fundo está ligada à Academia Passo-Fundense de Letras. Sob a liderança do Acadêmico Antônio Donin, foi fundado o CTG Lalau Miranda, em 24 de março de 1952. O empreendedorismo nunca ficou alijado da visão institucional, como exemplifica a instalação da primeira Diretoria da Sociedade Pró-Parque Turístico de Passo Fundo (Roselândia), em 25 de julho de 1972, que incluiu diversos nomes de membros da Academia de Letras.
Um legado a ser destacado é o livro “150 Momentos mais Importantes da História de Passo Fundo”, organizado pelo Acadêmico Osvandré Lech e lançado em 22 de novembro de 2007, ano do sesquicentenário do município, escrito a diversas mãos e refletindo, na visão da comunidade, após exaustiva consulta, os 150 fatos mais relevantes da história pregressa de Passo Fundo.
A formação de escritores sempre mereceu especial zelo da Academia Passo-Fundense de Letras. Atestam bem, os concursos literários que remontam as origens da instituição, as publicações, as oficinas de criação literária, o trabalho com escolas, etc. Quando essa pandemia passar, venha fazer uma visita à Sede da Academia Passo-Fundense de Letras e conheça um pouco melhor o que essa instituição octogenária fez e ainda faz por Passo Fundo. Parabéns Passo Fundo!