OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Com os massivos protestos em Cuba, no início de julho, a ilha passou a despertar novamente uma série de questões geopolíticas das quais está vinculada. Como já havíamos alertado nesta coluna, a China teria um envolvimento muito peculiar com o regime cubano, sinal de sua projeção global por meio de aliados, inclusive ideológicos. Falamos, aqui também, sobre a influência chinesa na própria estrutura de telecomunicações, com grandes empresas fornecendo toda a rede de dados de internet, inclusive com a possibilidade de o governo filtrar as informações que os cubanos têm acesso. O sistema implantado em Cuba guarda muita similaridade com o do regime chinês, qual seja o de controlar efetivamente o uso da internet e das redes, pelos seus cidadãos. Hoje, algumas empresas chinesas como Huawei, TP-Link e ZTE são absolutas no fornecimento inteiro na ilha, nas telecomunicações. A forma com que a internet foi suprimida no ato dos protestos cubanos revela uma possível ingerência chinesa. Além disso, a China ainda possui muitos interesses na ilha.

 

Além das telecomunicações 

Devemos recordar que, ainda em 2014, em visita oficial de Xi Jinping a Cuba, o líder chinês foi categórico ao afirmar, em outras palavras, que os dois países estavam no rumo de construir um socialismo com características próprias, em uma parceria de suporte recíproco. O aspecto geopolítico da ilha interessa o Partido Comunista Chinês, como ponto avançado no Caribe, de possíveis e futuras manobras militares em mar, com acesso aos EUA e alguns de seus portos importantes como o de Miami, New Orleans e Houston.

 

Dependência Econômica 

Assim como faz com uma série de países em desenvolvimento, pelo mundo, a China investe significativamente no regime. A estratégia chinesa também ficou conhecida como “Debt Trap Diplomacy”, ou seja, a diplomacia pela armadilha da dívida, onde Pequim empresta dinheiro em grandes quantias, sabendo que governos não conseguirão honrar os seus débitos, amarrando novos contratos de longo prazo em troca da infraestrutura dos países. Sri-Lanka é um bom exemplo. Não conseguiu honrar os seus pagamentos e teve de entregar um porto importante à China, em um contrato de 99 anos de exploração. As importações chinesas focaram-se no açúcar da ilha. Há forte interesse no níquel e na indústria petrolífera, onde haveria contrato de exploração de petróleo perto de Pinar del Rio. Há, também, por parte dos chineses, interesse no porto de Cuba (Terminal de Santiago), com empréstimos significativos. Até mesmo um centro de inteligência artificial na ilha estaria no interesse dos chineses. Em grande medida, os cubanos já viajam pela ilha com caminhões e ônibus chineses (Geely e SinoTruck) e a Universidade de Havana possui um Centro Confúcio (que busca irradiar a cultura chinesa pelo mundo).

 

EUA 

Para Washington, a simbiose entre China e Cuba pode ser preocupante no futuro. Na medida em que Biden vai aumentando o tom contra a expansão chinesa no Ocidente (reação tardia), Cuba poderá ter um novo significado, como já teve na Guerra Fria.

 

 

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