Na semana que passou, observamos a escalada de tensões no cenário afegão, na medida em que o Talibã vai tentando firmar algum tipo de autoridade no território, já que uma coisa é tomar o poder, outra bem diferente é administrar um país. A grande expectativa internacional dos últimos dias, esteve centrada no encontro do G7, grupo das maiores economias do mundo democrático – EUA, Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão – que se reuniu, de forma virtual, em 24 de agosto. A reunião de emergência do G7 foi estruturada para a discussão sobre o caos que se estabeleceu no Afeganistão, desde o anúncio unilateral de retirada das tropas americanas, feito por Biden. Na verdade, o presidente americano deveria ter ouvido os seus aliados antes da retirada, sendo tarde, portanto, o encontro. A pauta principal se restringiu à possibilidade ou não de os EUA estenderem o prazo de retirada das tropas, anunciado para o dia 31 de agosto. No encontro, para a surpresa, principalmente dos líderes europeus, Biden manteve firme a ideia de retirada até o dia 31, na esteira das próprias manifestações recentes do grupo terrorista ao afirmar que uma possível extensão no prazo poderia gerar consequências ao Ocidente, sem citar quais seriam as mesmas. A situação no momento é caótica, com milhares de pessoas concentradas nos arredores e dentro do aeroporto de Cabul, esperando a sua evacuação, que cada vez mais se encurta com o prazo estabelecido pelos EUA, restando incógnito se até lá todos os americanos tenham sido evacuados do território afegão. O Reino Unido, por seu turno, não estabeleceu qualquer tipo de prazo, ficando no território até que todos os britânicos sejam retirados com segurança.
Consequências
A conjuntura no Afeganistão muda a cada dia, com novos contornos e desdobramentos geopolíticos. Abandonar algum americano (dentro desse prazo apertado imposto por Biden) seria um desastre político. Tudo irá depender do que será feito pelos EUA nessa pequena janela. Biden já perdeu, significativamente, o controle da situação e a sua decisão de não estender o prazo é um sinal desta insegurança. Outro risco que deve ser considerado é que os EUA irão remover as suas tropas antes do Reino Unido e da França, por exemplo, deixando os seus aliados em uma situação de risco geopolítico extremo, uma vez que a segurança do aeroporto está com as forças americanas. Todavia, a necessidade de os EUA manterem a sua presença após o dia 31, traria uma situação delicada no tratamento com o Talibã.
Exigências
Caso os EUA não consigam retirar as suas tropas até o prazo reiterado por Biden, o Talibã também poderia utilizar uma janela de oportunidade, fazendo demandas específicas ao governo americano, o que geraria uma situação extremamente delicada ao Biden. A principal preocupação do grupo terrorista é a forma com que irão financiar a administração do país. Outra questão que se soma é a do reconhecimento internacional.