OPINIÃO

Teclando - 22/09/2021

Beto Rockfeller

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Beto Rockfeller

Estava com 12 anos. Pouco me atraia ver os chuviscos em preto e branco de um enorme televisor. Às seis da noite, horário das novelas, escorriam lágrimas pelo tubo de imagem com o estilo dramalhão mexicano. Lá pelo final de 1968 e, portanto, em plena ditadura, entrou no ar uma novela que rompeu padrões para suprir a nossa ânsia por rebeldia. Na velha Tupi, Bráulio Pedroso, Lima Duarte, Cassiano Gabus Mendes e Walter Avancini iniciavam a grande revolução da televisão brasileira. Entrava no ar Beto Rockfeller e a teledramaturgia brasileira nunca mais foi a mesma. Chegou focada no momento com os ingredientes do amor entre classes sociais distintas, uma dose de crítica e o bom humor tão necessário em épocas de opressão. Rompeu padrões, substituiu a linguagem formal pela simplicidade do bate-papo dos personagens. Abandonou silhuetas medievais para escancarar o biótipo cotidiano urbano. Substituiu o fraque pela calça Lee. A gíria suprimiu palavras rebuscadas e a naturalidade apagou a artificialidade.

Beto Rockfeller foi além, acabando com engomadas tramas importadas para mostrar uma fatia da vida brasileira, com núcleos dos ricos aos pobres. Hoje, é classificada como vanguarda. Prefiro dizer que foi uma proposta audaciosa e revolucionária. Começava às 20 horas, o que seria muito tarde naqueles tempos. Ousadia na trilha de abertura com Jack Jones e You’ve Got Your Troubles, um pop açucarado que ardia em tímpanos conservadores. Projetou Bee Gees no Brasil com I Started a Joke, tinha Erasmo, Rollings, Beatles e mais um pedaço da Billboard. A romântica F... Comme Femme, em tempos de ditadura, foi classificada (não é piada!) como “erótica” pelos censores de plantão. Aliás, a censura acampou nos estúdios da Tupi. Atrapalhou muito, até porque toda censura é burra, mas a proposta era inteligente, a novela teve grande sucesso e ficou no ar por mais de um ano. O elenco? Uma maravilha. Nomes consagrados, tantas revelações e Luiz Gustavo no papel principal. Já se passou mais de meio século e, domingo, nos despedimos do nosso eterno Beto Rockfeller.

 A multiplicação da baderna

Nas noites de Passo Fundo a baderna aumenta assustadoramente. Bandos de jovens quebram placas, lixeiras, gritam e brigam nas ruas. Alguns têm predileção por dar socos e pontapés nas grades dos prédios. Há poucos anos, a baderna era vista como inocente brincadeira de jovens e depois passou a ser tolerada. Hoje até parece conduta normal e cresce assustadoramente e logo terá regalias de instituição. Na verdade, todos (inclusive os baderneiros) sabemos muito bem que isso é consequência da falta de educação que vem de berço. E, obviamente, da carência de didáticos corretivos nos marmanjos em fase de pseudo-malandragem. E não há nada de divertido nessa história, pois esses bandos bêbados e mal-educados são estopim para uma tragédia.

Estacionamento

Por alguns dias, não vi mais os abusos no estacionamento da Área Azul. Parecia que a fiscalização funcionou. Mas não teve o efeito duradouro necessário. Os aproveitadores apenas deram um tempinho e retornaram à ativa. O mesmo carro voltou a ocupar a mesma vaga na Avenida Brasil entre a Bento e o Comercial. Interessante é que os fiscais da Área Azul até passam pelo local. Mas, talvez por distração, não observem o veículo infrator. Sorte do aproveitador que, assim, garante a sua vaga privativa em local de vagas rotativas.

 Protesto

Um dos mais antigos protestos que conheço é o do pessoal da Santa Marta. Há mais de 20 anos, eles marcam presença no centro de Passo Fundo para protestar pelo fechamento da Capela da Igreja Metodista naquele bairro. Com o início da pandemia, desde março do ano passado não realizaram mais a manifestação no canteiro da Brasil em frente ao Comercial. E deve ser bem assim mesmo. Quem protesta deve dar o bom exemplo de cidadania.

 Trilha Sonora

Da trilha romântica de Beto Rockfeller. Salvatore Adamo - F... Comme Femme



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