OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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O grupo das economias mais pujantes do mundo, o G20, organizou reunião extraordinária e virtual para tratar da emergente crise humanitária no Afeganistão, na medida em que o grupo terrorista do Talibã vai tomando o controle do país. Abordamos na coluna a forma precipitada e impensada na retirada das tropas americanas pelo presidente Biden, em agosto. À época alertamos da possível emergência de uma crise humanitária e de refugiados, pois é mais fácil adentrar em uma guerra, do que sair de uma. Na medida em que as tropas americanas foram retiradas, perdeu-se o relativo controle sobre a situação no território afegão, entregando aos aliados europeus uma situação de alta complexidade. A reunião do G20 é o primeiro esforço multilateral de resposta à crise afegã. A já fragilizada economia sofre ainda mais pelo comando de um grupo terrorista que nitidamente não sabe governar um país. Os servidores públicos estão sem receber os seus salários, os preços dos alimentos estão em disparada e o futuro é incerto.

 

Ajuda 

A preocupação dos líderes do G20 são os canais de distribuição da ajuda humanitária, uma vez que o Talibã não é reconhecido como um governo, daí a necessidade de que o dinheiro lá investido passe pelas organizações internacionais vinculadas às Nações Unidas (ONU). Todavia, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, que presidiu a reunião do G20, acredita que é praticamente impossível que a ajuda humanitária não passe diretamente pelas mãos do Talibã. A situação gera um dilema: o limite do envolvimento das potências democráticas com um grupo terrorista, em que pese os líderes terem sido enfáticos no não reconhecimento do Talibã como governo soberano. A União Europeia pretende reunir recursos na ordem de 1 bilhão de euros, em assistência humanitária ao Afeganistão e países vizinhos que estejam recebendo refugiados. Para Biden, os recursos não deveriam chegar diretamente nas mãos do Talibã. A reunião extraordinária do G20 antecede a cúpula do grupo que ocorrerá nos dias 30 e 31 de outubro, em Roma, cujo foco restará na recuperação econômica global.

 

China e Rússia 

Chamou atenção a ausência dos líderes na reunião: o chinês, Xi Jinping, e o russo, Vladimir Putin. A China chegou a acenar que seria necessária a retirada das sanções econômicas e que os ativos internacionais do antigo governo fossem liberados ao grupo terrorista, posição completamente distinta das potências democráticas. Para a China e a Rússia, o Afeganistão é território estratégico. Pequim tem em Cabul um ingrediente importante no seu projeto de avanço econômico intitulado de “Cinturão”, investimentos bilionários nos países em desenvolvimento. A China foi o primeiro país a reconhecer a “legitimidade” do Talibã, logo após o grupo terrorista ter tomado o poder. Para a Rússia, o Afeganistão encontra-se em um entorno estratégico junto às Ex-repúblicas soviéticas, um espaço geopolítico importante nas pretensões do país. 

 

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