A maior tragédia humanitária que se abateu sobre nossa história foi a escravidão. A figura do proclamado líder da luta pela liberdade e igualdade racial, Zumbi dos Palmares, representa a persistência dramática dos escravos e seus descendentes pela decência. A história narra o quadro de amargura vivenciado pela legião de negras e negros subordinados ao regime de violação dantesca. O estado e a religiosidade oficial, acobertaram as elites dominantes neste monstruoso crime secular de exploração do ser humano. Sedimentou-se a ideia de escravização sem limites de perversidade, especialmente nos três séculos de escravidão. Nessa trágica concepção de desrespeito à vida, o sentimento de dor certamente desafiou a razão de todos. A própria vida dos brancos foi maculada na sua formação. O senhorio, que preferiu valer a força para subjugar pessoas iguais perante Deus e a humanidade, certamente percebeu a própria crueldade. A covardia da omissão ou a preferência pela maldade da exploração do ser humano escravizado, sem dúvida apodreceu também a legitimidade dos que preferiram o louvor do lucro pelo trabalho escravo. Quando vieram os primeiros momentos de reconhecimento legal banindo a escravidão, restou a chaga exposta de tantos males encravados nos costumes. Essa malsinada formação social, embora abafada pela cultura de dominação e devoção ao lucro injusto, persiste como má formação social. É drama irreconciliável. Os descendentes africanos, emblematicamente livres, caminham rumo à igualdade natural. O preconceito deixou resíduos pétreos, que precisam ser lapidados, pelo avanço da igualdade real. A sociedade branca também precisa ser curada.
Desigualdade
Os relatórios sobre o abismo da desigualdade social que atinge as camadas sociais de todas as raças, credos e ideologias, indicam que o sistema de dominação persiste na escalada dos opressores. A escravidão formou os métodos de subordinação, aplicado a todos os que tentam melhorar de vida com o trabalho produtivo. A desigualdade social, o privilégio de acesso à cultura e meios de sobrevivência, são realidades que mantém ardilosamente o abismo. É evidente que a escravatura imprimiu a letargia da justiça social que afeta negros e pardos, mas também aflige a todos os segmentos raciais. A luta pela igualdade exige irremediavelmente a ação cooperativa de todos pera recomposição existencial.
Beleza e força
A força e beleza dos descendentes africanos que foram trazidos ao Brasil existem desde séculos. A visibilidade dos pendores da criatividade, força de trabalho, arte e beleza, foram apenas escondidos da memória. Na cultura. Ciência e produção real dos bens, os descendentes negros foram e são essenciais. As gerações provam isso, embora a opressão calculada dos mandantes destas épocas preferisse que fossem esquecidos os feitos incontestáveis para nossa formação. A produção do em todos os setores é realidade implacável, física e intelectual quando se abrem os espaços. E mais, quanta beleza e quantos primores na arte, no esporte, na produção. Parece que aos poucos a autoestima cresce para o bem de todos. É obra difícil, certamente, mas o esforço vai ganhando visibilidade para uma nova consciência nacional. As desculpas dos omissos começam encurtar. Não há mais razão para desigualdade e não podemos perder tempo para a conquistas de felicidade.
Não sabia?
A propagação das queimadas criminosas na floresta amazônica é sim muito grave. Os próceres do governo federal alegam que se omitiram em relação ao problema na recente cúpula mundial sobre meio ambiente, por que não sabiam da realidade. Que feio, isso! O próprio ministro Joaquim Leite, que tem o dever de acompanhar a realidade sobre o aumento do desmatamento, alega desconhecimento. Os dados foram dados à transparência governamental 22 dias antes. O negacionismo é terrível também ao sonegar o direito de vigilância. É só lembrar as recentes investidas para desacreditar instituições consagradas na luta ambientalista. Quiseram condenar o Instituto Chico Mendes ao esquecimento, enquanto questionavam o caráter científico que tem reconhecido o IBAMA. Neste, os fiscais foram desautorizados e exercer poder administrativo a infratores.