OPINIÃO

Cultura do SUS no Brasil

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Mesmo diante de ferozes atentados negacionistas contra advertências em relação à pandemia, o SUS, considerado como estrutura de atendimento à saúde pública supera desatinos do governo federal. A organização histórica da cultura de vacinação, enraizada na população brasileira foi abraçada pelas instituições de atendimento à saúde pública, especialmente a medicina e corporações correlatas. É difícil admitir o que aconteceu no início da propagação da Covid-19 que se instalou no país. Com propósitos estapafúrdios o centro do poder demorou-se em obliterações retardando o assentimento às cautelas de isolamento e vacinação. As piores alegações no campo do charlatanismo, pajelanças e abomináveis planos alternativos tentaram boicotar o esforço hercúleo da ciência na pesquisa farmacêutica. Dedicados pesquisadores, médicos, enfermeiros, socorristas tombaram heroicamente na batalha de sustentação combatendo a pandemia. Enquanto a grande maioria do povo sentia na própria carne a dor da doença renitente, o Palácio do Planalto incitava o sarcasmo, sem assumir o dever de lutar pela vacina. Foi um festival de besteiras proferidas pelo presidente Bolsonaro sob aplausos de um fundamentalismo ridículo. E as mais de 600 mil mortes que enlutam nossa pátria ainda não tocaram mentalidades empedernidas que se fazem de loucos e ignorantes para passar a boiada da omissão. Sanitaristas dedicados, honestos e patriotas, sustentaram a luta em defesa do SUS, devotando prioridade absoluta à cura das pessoas. Venceram a covardia dos ataques contra a missão salvadora, superando interesses escusos. Hoje, mais de 62% da população brasileira está coberta pela vacinação até segunda dose. É a força de nossa gente que provocou ações do poder judiciário, do Congresso Nacional, pressionando pela aceleração da vacina. E o presidente, volta, insiste e profere conceitos sem razões lógicas, afirmando em redes sociais que o isolamento é prejudicial. A revista Lancet rebate a leviandade, concluindo ao contrário e dizendo que o isolamento e a vacina sustentam a recuperação financeira. Nem seria necessário maior conhecimento para deduzir que tudo deve ser feito para garantir combate à pandemia. Só um povo livre da doença pode produzir.

 

Rio Madeira em chamas

As balsas de mineração ilegal cobriam as águas do Rio Madeira em busca de ouro. A dragagem revolvia o fundo da vida aquática; destruindo tudo. O leito de um dos maiores rios do país transformava-se em mar de lodo. Abaixo da superfície dilapidavam-se as condições de vida para peixes e centenas de seres vivos que sustentam o bioma aquático. A busca desenfreada pelo ouro criou um costume criminoso. É o inferno na água doce. A população ribeirinha já está vendo a infelicidade com a escassez da pesca e a mortandade causada pelos resíduos de mercúrio lançado no Rio Madeira. Aos olhos de Porto Velho motores pesados roncavam intransigentes para colher faíscas de ouro em tapetes regados pelo mercúrio. Equipamentos caros em dezenas de balsas formavam a fúria destruidora da natureza. A vida e produção natural sustentável vinha num processo de destruição com as estruturas de exploração atingindo também áreas de preservação. Ao mesmo tempo as margens do rio eram devastadas. Mas, finalmente, a pressão da sensatez coletiva moveu lideranças mais sensíveis à intervenção legal. Ao que tudo indica a personalidade do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, foi decisiva na tomada de atitude. Com apoio da força militar foi deflagrada a operação contra a mineração clandestina. E não podia ser diferente. Dezenas de balsas que resistiram à ordem de retirada foram incendiadas, conforma autoriza a fiscalização outorgada ao IBAMA. Parece que a iniciativa de Mourão, general da reserva, e disciplinado, foi providencial para salvar a esperança de vida e saúde ambiental do Rio Madeira. Por certo o presidente Bolsonaro não se sente confortável com o socorro a este desastre que assola as águas do rio Madeira. A população que sobrevive da pesca foi iluminada com a luz da esperança em melhores dias para a vida comunitária. Mesmo com a efêmera aparência que mostrou um rio iluminado pelas chamas do fogo nas balsas que operavam ilegalmente.    

 

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