Na medida em que se aproxima o Natal, a liturgia vai conduzindo os fiéis cristãos a alegrar-se com a presença do Senhor. Todos os textos bíblicos do terceiro domingo do Advento (Sofonias 3,14-18ª; Isaías 12, 2-6, Filipenses 4,4-7 e Lucas 3,10-18) convidam insistentemente: “Canta de alegria, cidade de Sião; rejubila (...) Alegra-te e exulta de todo coração” (Sf 3,14). “Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos. (...) O Senhor está próximo” (Fl 4,4-5). Segundo o profeta Sofonias Deus tem sentimentos parecidos como o dos humanos: “Ele exultará de alegria por ti, movido por amor; exultará por ti, entre louvores, como nos dias de festa” (Sf 3,17-18).
A alegria que a liturgia desperta nos corações dos cristãos, não está só reservada a eles. Seria uma atitude egoísta que iria falsificar o Natal. Jesus Cristo veio para toda humanidade e de todos os tempos. A alegria é um anúncio profético destinado a toda humanidade, em particular aos mais pobres, marginalizados, neste caso, os mais pobres em alegria.
As situações onde falta alegria estão próximas de todos nós e atinge pessoas de todas as idades e condições sociais. Doentes que sofrem no corpo e que tem o ânimo abalado; outras estão abandonadas ou solitárias; os que perderam o sentido de viver; os que se refugiam em entorpecentes; os desiludidos com a condição econômica e os rumos do país e do mundo. Há muito espaço para relatar as mais diferentes situações de desânimo e tristeza.
O convite à alegria não pode ser desvinculado das dramáticas realidades onde a tristeza tomou conta e a esperança desapareceu. O convite à alegria não é uma mensagem alienante, nem um paliativo estéril, mas, ao contrário, é uma profecia, um apelo insistente para se achegar aos tristes e permitir uma renovação. Segundo Sofonias os destinatários do anúncio são os feridos da vida e órfãos da alegria. “Não temas, Simão, não te deixes levar pelo desânimo!” (Sf 3,16).
O mundo requer constantemente reformas e transformações em todas as áreas para isto os seres humanos são dotados de inteligência, capacidade criativa e inventiva, sabedoria. Se mudanças externas, estruturais, organizativas sempre são necessárias, o mesmo vale para as transformações morais. João Batista (Lc 3,10-18) provoca os ouvintes a mudança de atitudes que proporcionarão um ambiente de alegria, indicando: partilha, justiça, honestidade, sem falsas acusações.
O modo que Deus escolheu para transformar o mundo foi pedir a colaboração de uma jovem da aldeia da Galileia, Maria de Nazaré. No primeiro encontro ela é saudada assim: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo” (Lc 1,28). Encontramos aqui o segredo do Natal e o sentido da alegria natalina. É sentir e ter a certeza da presença de Deus na humanidade. Para nos alegrar não precisamos só de coisas, mas de amor e verdade. Precisamos de conforto e esperança para os questionamentos mais profundos da existência humana.
O Papa Francisco, como o primeiro entre os fiéis, empresta a sua voz e seu ministério papal para anunciar o que vem de Deus. “A alegria do evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus” (EG n.1). Estampou esta mensagem nos títulos de seus ensinamentos: A alegria do Evangelho (2013); Alegrai-vos e exultai (2018); Louvado sejas, meu Senhor (2015); A alegria do Amor (2016); Cristo vive (2019); Admirável sinal (2019); Todos irmãos (2020) e Com coração de Pai (2020).