Além do trabalho diário na área jornalística, o ano foi profícuo na pesquisa histórica, com foco no regional, projeto que terá continuidade no próximo ano. Atendendo convite do professor João Carlos Tedesco, ministrei, juntamente com a colega Rosane Márcia Neumann, o encontro online ocorrido no dia 19 de maio, com o tema imigrante e colonização na região de Passo Fundo (1889-1930). O Ciclo de debates - Capítulos da História de Passo Fundo, realizado pelo Programa de Pós-Graduação em História da UPF, encerrou no último dia 13. De igual modo, na conferência de abertura do Colóquio Educação, Memória e Região: dispositivos e controle e desinformação social, promovido pela Universidade Estadual do RS e coordenado pelos amigos Henrique Antônio Trizoto e Thais Janaina Wenczenovicz, em novembro. Dos cursos realizados online destaque para Tópicos em História da Arte no RS, realizado pelo Instituto Estadual de Cinema e coordenado por Paula Ramos e Paulo Gomes, do Instituto de Artes e do Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da Ufrgs.
Novamente compartilho com os amigos a sinopse de alguns livros lidos em 2021. Desejo a todos um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de alegrias e realizações.
TENÓRIO, Jeferson. O avesso da pele. Jabuti, 2020 - Vencedor do Prêmio Jabuti na categoria “Romance Literário”, O avesso da pele é um romance sobre identidade e as complexas relações raciais, sobre violência e negritude. Trata-se de uma obra contundente no panorama da nova ficção literária brasileira. O avesso da pele é a história de Pedro, que, após a morte do pai, assassinado numa desastrosa abordagem policial, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos.
Vieira Junior, Itamar. Torto arado. Todavia, 2020 - Nas profundezas do sertão baiano, as irmãs Bibiana e Belonísia encontram uma velha e misteriosa faca na mala guardada sob a cama da avó. Ocorre então um acidente. E para sempre suas vidas estarão ligadas? A ponto de uma precisar ser a voz da outra. Numa trama conduzida com maestria e com uma prosa melodiosa, o romance, que venceu o prémio Leya 2018 (Portugal), conta uma história de vida e morte, de combate e redenção.
MANN, Thomas. Contos. Cia das Letras, 202 - Autor de alguns dos romances mais incríveis do século XX, Thomas Mann é também um contista brilhante, e foi com as narrativas curtas que iniciou sua carreira literária. As 25 histórias reunidas neste livro tratam de temas caros a ele, como a relação entre arte e vida, o lugar da morte e da doença, o sentido da existência, entre outros.
PADURA, Leonardo. Água por todos os lados. 2020: Boitempo, 2020 - O novo trabalho de Padura é uma celebração dos elementos que fazem de sua voz uma das mais proeminentes da literatura cubana. Água por todos os lados, apresenta ao leitor algumas das grandes paixões e inspirações do autor como a literatura, o beisebol, a cultura local e, de forma geral, sua terra natal: “Sou um escritor cubano que vive e escreve em Cuba porque não posso e não quero ser outra coisa, porque (e sempre posso dizer que apesar dos mais diversos pesares) preciso de Cuba para viver e escrever”. Nas páginas dessa obra o escritor nos apresenta um lado pessoal de seu processo de criação, revelando locais e tramas em que os personagens ganham vida, seus instrumentos de trabalho e suas inspirações.
MONTEIRO, Karla. Samuel Wainer: O homem que estava lá. Cia das Letras, 2020 - Samuel Wainer (1912-1980) foi um dos maiores nomes da imprensa brasileira. Fundador da cadeia de jornais Última Hora, transformou a indústria da notícia no país. Como nenhum outro empresário da área soube valorizar os jornalistas, fotógrafos e diagramadores. Defensor do governo Vargas, professava a crença de que a imprensa deveria ter lado e por isso enfrentou inimigos num contexto de polarização ideológica.
FARACO, Sérgio. As noivas fantasmas e outros casos. LPM Editora, 2021 - A Feira do Livro de Porto Alegre deste ano foi o palco do lançamento de mais uma obra de Sérgio Faraco. Como poucos, o autor de Lágrimas na Chuva sabe manter uma perfeita sintonia entre “duração e in-tensidade”. “As velhas situações são iluminadas pelo foco da narrativa deste contador de histórias breves e densas como um raio de luz na escuridão.”
GUIMARAENS, Rafael. 1935. Libretos, 2021 - A obra do escritor Rafael Guimaraens propõe um mergulho no submundo de Porto Alegre, capital que moderniza e aprofunda seus abismos sociais. A cidade prepara-se para a grande Exposição do Centenário Farroupilha. Dyonélio Machado sonha com a revolução. Apparício Cora de Almeida investiga quem matou Waldemar Ripoll. O repórter Paulo Koetz terá a oportunidade de se transformar de coadjuvante em protagonista de sua própria vida, em um redemoinho de mistério e paixão, transitam policiais, meretrizes, boêmios, vedetes e cafetinas. O jovem jornalista percorre becos escuros, espeluncas em busca de boas histórias.
CORTÁZAR, Julio. Todos os contos. Cia. das Letras, 2021 - Com novas traduções de Heloisa Jahn e Josely Vianna Baptista, uma edição com os contos completos de Julio Cortázar brindou os leitores brasileiros no final do primeiro semestre. Considerado um dos autores mais inventivos do século XX, Cortázar modificou para sempre o gênero e escreveu clássicos como “Casa tomada”, “A autoestrada do sul”, “Carta a uma senhorita em Paris”, “Continuidade dos parques”e as “As babas do diabo”.
SCHWARTZ, Luís. O ar que me falta. São Paulo: Cia das Letras, 2021 - O editor e escritor Luiz Schwarcz carrega a história de uma família que abandonou tudo para fugir ao terror nazista: o pai, húngaro, escapou de um trem a caminho de um campo de extermínio deixando Láios, seu pai, no vagão que acabou por levá-lo à morte; a mãe, croata, teve de decorar aos três anos um novo nome, falso, para embarcar com a família para o Brasil. Os dois, André e Mirta, se encontraram, com as lembranças dolorosas do passado trágico a pesarem sobre a nova vida. Filho único, Luíz entendeu desde muito cedo ser responsável por expurgar as culpas que André carregava por não ter podido evitar o fim extremo do próprio pai, avô do autor. Ao recuperar estas memórias, constrói um sensível relato de como a depressão e os traumas, próprios e de terceiros, podem tirar o fôlego de qualquer um e permanecer latentes em existências por fora marcadas pela aparência do sucesso.
ALLENDE, Isabel. Inês de minha alma. Bertrand Brasil, 2007. Baseado em pessoas e eventos reais, o livro de Isabel Allende, é um romance épico no qual o alento do amor concede uma trégua à rudeza, à violência e à crueldade de um momento histórico inesquecível. Nascida em uma família pobre na Espanha, Inés Suárez (1507-1580) é uma jovem e humilde costureira que embarca da Europa a América em busca de seu marido que buscava a glória no Novo Mundo. O que ela não esperava era que acabaria se tornando um dos principais nomes da conquista do Chile. Porém, em sua grandiosa viagem, Inés não encontra seu marido na América, e sim um grande amor: Pedro de Valdivia, mestre-de-campo de Francisco Pizarro.
PRÉVIDI, José Luiz. Alfredo Octávio - o maior jornalista do Brasil. Editora Escuna, 2020 - Criador da Revista Press Advertising, o jornalista e escritor José Luiz Prévidi construiu uma sólida carreira profissional. Ele transitou pelas redações do Diário de Notícias, Correio do Povo e Zero Hora. Suas postagens diárias no Blog do Prévidi são marcadas por opiniões fortes, carregadas de bom humor. Alfredo Octávio - o maior jornalista do Brasil foi lançado em novembro de 2020.
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Crônicas de Petersburgo. Editora 34, 2021 - Há muitas maneiras de ler este livro. Uma delas é reconhecer no texto que Dostoiévski redigiu na juventude para anunciar a revista de humor “O Trocista” e nos folhetins publicados no jornal Notícias de São Petersburgo, em 1847, alguns traços de estilo, a dicção veloz, a mescla de registros, a aguda análise psicológica, que mais tarde se tornaram marcas inconfundíveis do autor de Crime e castigo. Outra é simplesmente se deliciar com estas Crônicas de Petersburgo e se deixar levar pelas mãos do genial escritor, que apresenta ao leitor a sua cidade. Como diz Fátima Bianchi, professora da Universidade de São Paulo, que traduziu e apresenta este volume, Petersburgo aqui não é apenas o lugar da ação, mas sim a grande protagonista.