OPINIÃO

Feliz é quem anuncia a paz!

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“Como são formosos, sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que anuncia coisas boas ...” (Is 52,7). Inspirado no profeta Isaías, o Papa Francisco dirigiu-nos a 55º mensagem para o “Dia Mundial da Paz” de 01/01/2022. Os votos de paz são amplamente expressos no período natalino e no começo do novo ano. Nada mais justo, pois o Messias é apresentado como “Príncipe da paz” (Is 9,5) e Cristo é a nossa paz (Efésios 2,14). A paz é um valor e um dever universal e encontra seu fundamento na ordem racional e moral da sociedade (...) se funda sobre uma correta concepção de pessoa humana e exige a edificação de uma ordem segundo a justiça e a caridade” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n.494). 

A paz, na revelação bíblica, é plenitude de vida. Ela é uma meta a ser alcançada. Lembra-nos o papa que a “paz é conjuntamente dádiva do Alto e fruto dum empenho compartilhado”. Na Fratelli Tutti afirmou que as grandes transformações não são construídas no escritório, mas no empenho de instituições e pessoas. “Existe uma “arquitetura” da paz, na qual intervêm as várias instituições da sociedade, cada uma dentro de sua competência, mas há também um “artesanato” da paz que nos envolve a todos” (n. 231). Propõem três caminhos.

O primeiro é “dialogar entre gerações para construir a paz”. A sociedade é composta de gerações e nenhuma delas pode ser ignorada, nem descartada e nem uma pode prescindir da outra. O encontro entre elas e o diálogo são o meio sadio e fecundo de crescimento de vínculos e de superação dos conflitos. “Dialogar significa ouvir-se um ao outro, confrontar posições, pôr-se de acordo e caminhar juntos. Favorecer tudo isto entre a gerações significa tratar o terreno duro e estéril do conflito existencial, sapiencial e espiritual dos idosos, também estes precisam do apoio, carinho, criatividade e dinamismo dos jovens”.

O segundo caminho é a “instrução e a educação como motores da paz”. A mensagem denuncia uma “inversão na correlação entre investimentos públicos na educação e os fundos para armamentos”. O desenvolvimento humano integral implica no desenvolvimento das competências humanas, em capacitar para estabelecer relações e educar para a autonomia. Este desenvolvimento torna a pessoa livre e capaz de tomar decisões responsáveis. “Por outras palavras, instrução e educação são os alicerces duma sociedade coesa, civil, capaz de gerar esperança, riqueza e progresso”. 

O terceiro caminho é o trabalho, pois “é o fator indispensável para construir e preservar a paz. Aquele constitui expressão da pessoa e dos seus dotes, mas também compromisso, esforço, colaboração com os outros, porque se trabalha sempre com ou para alguém. Nesta perspectiva acentuadamente social, o trabalho é o lugar onde aprendemos a dar nossa contribuição para um mundo mais habitável e belo”. A pandemia da covid-19 agravou a situação do mundo do trabalho aumentando o desemprego. Como o trabalho é uma necessidade básica, torna-se urgente promover um conjunto de esforços entre os primeiros responsáveis pela geração empregos e a sociedade em geral.

Conclui a mensagem apelando: “Aos governantes e a quantos têm responsabilidades políticas e sociais, aos pastores e aos animadores das comunidades eclesiais, bem com a todos os homens e mulheres de boa vontade, faço apelo para caminharmos, juntos, por estas três estradas: o diálogo entre as gerações, a educação e o trabalho. Com coragem e criatividade. Oxalá sejam cada vez mais numerosas as pessoas que, sem fazer rumor, com humildade e tenacidade, se tornam dia a dia artesãs de paz. E que sempre as preceda e acompanhe a bênção de Deus da paz!” 

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