OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Abordamos aqui na coluna a tecnologia das armas hipersônicas, capazes de trafegar a uma velocidade cinco vezes superior à do som e enganarem, devido a baixa altitude, os sistemas de defesa antiaérea. China e Rússia conduziram testes desses tipos de armas recentemente, tendo relativo domínio sobre a tecnologia se comparado com os EUA. Um terceiro país se soma aos testes das armas hipersônicas, a Coréia do Norte, levantando uma preocupação significativa ao Ocidente e à paz. O teste foi conduzido na semana que passou e identificado pelo Japão e Coréia do Sul. O ditador norte coreano, Kim Jong-un uniu-se ao teste presencialmente, ao mesmo tempo em que defendeu um reforço no orçamento militar do país. A reação internacional foi imediata, principalmente a partir dos EUA e das Nações Unidas. Trata-se do terceiro teste com armas hipersônicas, sendo que os últimos dois ocorreram no intervalo de uma semana. O sinal que o ditador norte coreano emitiu na ocasião do último teste foi o de reforçar ainda mais o uso da referida tecnologia, propiciando um verdadeiro desconforto no início da agenda geopolítica de 2022. Chamou a atenção também a presença do ditador no lançamento do míssil, o que não ocorria há quase dois anos, o que reforça a sua inclinação em investir na tecnologia.


Relações tensas 

As relações da Coréia do Norte com os EUA e aliados ficaram ainda mais tensas com a declaração do ditador norte coreano, que seguiria aberto à diplomacia se os EUA e aliados parassem as “políticas hostis”, principalmente as sanções. O teste norte coreano ocorre poucos dias após as grandes potências terem assinado uma espécie de compromisso nuclear. Como apresentamos aqui na coluna, as armas hipersônicas não ganham apenas na velocidade, mas, principalmente, na sua habilidade de enganar os sistemas de defesa antiaérea, uma vez que são difíceis de serem rastreados. O míssil conseguiu percorrer uma distância de mil quilômetros (1.000 km), atingindo um alvo no mar. De acordo com a Coréia do Sul, o último teste teve um avanço significativo em relação aos demais, com o míssil chegando a atingir uma velocidade que superou dez vezes a do som. Com o desenvolvimento e o investimento na tecnologia hipersônica, a Coréia do Norte passa a ser, ainda mais, uma ameaça à estabilidade internacional. O temor é a verdadeira incógnita sobre as reais intenções do ditador, que se somam aos testes com bons resultados por parte da China e da Rússia. Os EUA não possuem domínio da tecnologia, em que pese o governo americano ter anunciado recentemente um reforço significativo no orçamento militar. Se podemos esperar um cálculo racional por parte da Rússia e da China, devido à destruição mútua assegurada, a forma de se encarar a ditadura norte coreana deve adotar outros contornos. O fato é que os testes sucessivos por parte da Coréia do Norte, somados à declaração de Kim Jong-un, de mais investimentos na tecnologia hipersônica, abrem o cenário de um verdadeiro risco geopolítico. 

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