OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Os olhos ocidentais estão atentos ao próximo movimento na geopolítica, em meio a escalada de tensões entre Rússia e Ucrânia. Trata-se do encontro entre os líderes russo, Putin, e o chinês, Xi Jinping, quando da visita de Putin na abertura dos jogos olímpicos de inverno na China. O tom da reunião será atentamente observado pelos líderes ocidentais, no que pode ser uma parceria sem precedentes entre os países, no sentido das consternações com a geopolítica regional e a sua projeção internacional. Muitos analistas pontuam que, justamente pela importância desse encontro para o futuro da geopolítica, Putin estaria aguardando a janela dos jogos olímpicos de inverno, que se encerram no dia 20 de fevereiro, sendo improvável uma invasão russa na Ucrânia nessa janela, para se evitar transtornos geopolíticos que poderiam ser desfavoráveis à relação. Cumpre lembrar que os EUA e alguns países ocidentais organizaram um boicote diplomático aos jogos de inverno e não enviarão representantes, principalmente, em discordância pela forma com que Pequim tem tratado os direitos humanos. Venezuela e Cuba discordam do boicote, ao mesmo passo em que Putin havia afirmado a possibilidade de envio de tropas militares aos países latino-americanos, fincando os pés em zona de influência estratégica americana. A parceria russo-chinesa ficou ainda mais forte em 2014, na sequência da anexação ilegal da Crimeia, pela Rússia. Além da conjuntura ucraniana, os países ocidentais estão em alerta com os testes militares, conduzidos por Moscou e Pequim com armas hipersônicas, tecnologia ainda não dominada no Ocidente.

 

Tentativa 

A tentativa de Putin com o encontro será o de trazer a China dentro da conjuntura de tensões contra o Ocidente, no sentido de uma parceria ampla, mas ao mesmo tempo não declarada. Desde a emergência da pandemia, Pequim tem tentado vender na arena internacional, de forma curiosa, como sendo uma potência multilateral que visa a cooperação, antes dos conflitos. Isso será posto à prova com a visita de Putin, que empurra a China a se posicionar contra os avanços da OTAN. No momento, ao menos, a parceria entre os países adota um viés mais diplomático do que econômico ou militar. Assim, caso Moscou passe a bloquear ou reduzir o envio de gás à Europa, Pequim não teria condição de compensar, pois, não possui infraestrutura de gasodutos. Nos últimos anos, os investimentos chineses na Rússia foram pequenos. Se há lógica para Putin aguardar a janela dos jogos de inverno, até lá os esforços de negociação serão diplomáticos. A última reunião do Conselho de Segurança da ONU se demonstrou fracassada, com a acusação mútua entre diplomatas americanos e russos. A reunião foi solicitada por Biden, como o espaço mais importante para se tentar dirimir a situação, em um cálculo duvidoso, uma vez que o encontro restou no plano de acusações e sem efetividade. Desde a Guerra Fria, os dias de hoje representam o quão deteriorada está a relação entre Washington e Pequim. 

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