OPINIÃO

Dinheiro pra boiada passar

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O ex-ministro Sales, do Meio Ambiente, foi exonerado após flagrante denúncia de compadrio com exportação irregular de madeira fruto da devastação. A afronta ética ao senso ecológico, dita com todas as letras na reunião ministerial, vazada em vídeo nos estertores do também ex-ministro Moro, continua implacável: “...aí é só deixar a boiada passar...”. Em momento de crise financeira nacional, foram liberados 29 milhões junto ao BNDES, privilegiando poderosos e contumazes devastadores da floresta e reservas, na Amazônia. O cronista político Josias de Souza qualifica a destinação do empréstimo com dinheiro público, de escarninho. Uma das punições administrativas aplicadas “ipso facto” aos devastadores da floresta, flagrados pelo IBAMA, é a restrição aos financiamentos com dinheiro público. Então, essa história de passar a boiada, continua, de porteira aberta. Isso se dá num curto período em que se acelera a derrubada de árvores na mata brasileiro, de modo cruel, nitidamente com a batuta ou berrante governamental. Lembrando que a ajuda estrangeira, de verbas destinadas à preservação das matas, vinda da Noruega e Alemanha, foram rejeitadas pelo presidente Bolsonaro, que alegava garbosamente não aceitar a fiscalização sobre a aplicação dos recursos. Suberanianacional? O resultado está aí. Rapidamente são solapadas a funções históricas de fiscalização do IBAMA, com redução de multas em autuações por crime ambiental. Tudo parece indicar incentivo ao desmatamento indiscriminado. O quadro das políticas públicas é triste na questão do meio ambiente.

 

Desmatamento

O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que é visto como incômodo ao atual governo aponta crescente desmatamento em janeiro deste ano. A voracidade das derrubadas e queimadas cresceu 418%. Assustador!

 

Armas

A insistente liberação para compra de armas mostra que grupos criminosos foram privilegiados. Nada, portanto, que signifique apoio de segurança à comunidade. A cada momento sucede uma descoberta de compradores de armas, agora legalmente autorizados, que criam estoques de armas para venda clandestinas. Abastecem com armas pesadas o crime organizado. Lembrando, ainda, que o custo de uma arma, inclusive o burocrático, impede pessoas de menor poder aquisitivo de ter acesso. A fiscalização prometida, não é suficiente. E os lobistas que atuam como apaniguados para facilitar a logística das armas aos civis? É comércio, e tem gente enriquecendo! E a onda de registros falsos já denunciada pela polícia?


Guardiões da Selva

Depois de repetidos massacres de índios que defendem suas terras, madeireiros clandestinos continuam a perseguição. Na última década foram mortos 34 índios. A organização do grupo Guardiões, é a maneira imediata de defesa dos nativos. A jagunçada, no entanto, com armas mais potentes, continua agindo. A aldeia Guadajara é exemplo de sobrevivência. Seu líder Paulo Pinheiro foi assassinado. Os bandidos continuam impunes. Os criminosos apostam na impunidade. Mais de 90% do desmate no avanço da soja do Mato Grosso é ilegal.

 

Escolas

As crianças e familiares sentirão ainda por algum tempo o cicatrizar das consequências da pandemia. É preciso considerar que a jornada de dois anos com crise aguda do contágio e das mortes feriu definitivamente as pessoas, crianças, jovens e adultos. A retomada das aulas presenciais passa a ser nova experiência lacrada na pele e na mente de todos. Esse sofrimento atroz imprime uma nova marca obrigatória. A luta pela sobrevivência e da saúde, inclusive mental, é missão de todos. A meta de obtermos felicidade passa a ter comparativo indispensável em cada passo de cada pessoa. Está posto que a vida é difícil. O sofrimento inevitável é para ser vencido. Vejam como, aos poucos, os portais das escolas recobram sua essencialidade nas pessoas, alunos, pais e mestres. Paulatinamente vai engrossando o alarido no barulho estridente da criançada. As flores azuis dos jacarandás estão esperando infantes em revoadas. É tudo mais complicado, mas a vida está voltando.

 

 

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