Em meio a escalada de tensões entre a Rússia e a Ucrânia, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), está no centro das atenções. A OTAN foi criada após a Segunda Guerra Mundial e a partir de seu tratado constitutivo, estabeleceu a defesa coletiva contra qualquer ameaça externa aos seus membros, que concordam com a defesa mútua, ou seja, um ataque contra um membro é um ataque contra todos e, portanto, à zona de influência da instituição. Recentemente, a OTAN rebateu as afirmações russas de que haveria um recuo de tropas, uma vez que as evidências apontavam, em sentido contrário, que elas estavam inclusive sendo reforçadas na fronteira com a Ucrânia. Nos últimos dias, o Presidente americano, Joe Biden, chegou a evocar o artigo quinto do tratado constitutivo da OTAN, justamente o que assegura que qualquer ataque a um dos membros da OTAN (na sua área de influência) faria com que os EUA (principal potência a liderar o grupo) empregassem todas as forças, em termos militares. A Ucrânia considera uma eventual adesão na OTAN, todavia é pouco provável que ela ocorra enquanto perdurar a guerra de Donbass, que segundo a organização intergovernamental, é a guerra empreendida pela Ucrânia contra os separatistas russos no leste ucraniano (apoiados por Putin), considerando também que os separatistas seriam soldados russos irregulares.
Encontro em Bruxelas
Nos dias 16 e 17 de fevereiro ocorreu o encontro dos Ministros de Defesa dos países membros, na sede da OTAN, em Bruxelas. O resultado do primeiro dia do encontro traz importantes posições da organização, comunicadas em conferência de imprensa com o Secretário Geral, Jens Stoltenberg. Entre as principais questões do encontro, podemos resumir assim: 1) que a Rússia continua empreendendo esforços em aumentar as suas tropas (Biden fala em mais de 150 mil soldados), não havendo qualquer evidência concreta e confiável de provável recuo russo; 2) a Rússia mantém as forças da Crimeia até a Bielorrússia, prontas para um ataque a qualquer momento; 3) essa é a maior concentração de forças militares desde a Guerra Fria; 4) a OTAN ainda permanece aberta ao diálogo, embora já tenha afirmado que qualquer avanço russo contra a zona de influência da organização, será respondido de forma enérgica, em termos militares; 5) a força de resposta da OTAN tem sido incrementada com mais tropas, aeronaves e embarcações militares; 6) todos esses esforços são defensivos; 7) mesmo não sabendo o que vai acontecer, todas as evidências têm demonstrado que há uma crise na segurança europeia; e 8) há um temor sobre questões nucleares, principalmente, pela modernização dos programas russo e chinês (havendo um risco de proliferação nuclear).
Brasil
No epicentro da crise, o governo brasileiro optou por manter a missão à Rússia, em que pese ser, até o momento, um aliado extra OTAN, status concedido em 2019 pelo Presidente americano, Donald Trump. Há inclusive um esforço de congressistas americanos em demover o aludido status. O sinal dado pela política externa brasileira é contrário ao status que recebeu.