Não bastassem os incêndios florestais que sufocam os continentes, a pandemia, a iminente ameaça é a guerra no território ucraniano. Como acontece em todos os conflitos internacionais, o interesse econômico é o confronto. A Ucrânia é ponto de passagem para abastecimento de países da Europa na produção de gás russo, além de minérios. Neste aspecto são mais nítidas as preocupações tanto do lado ocidental como asiático. O que vem alertando há mais tempo a Rússia é o efeito expansionista nos objetivos da Otan – Organização do Tratado do Atlântico Norte, que é aliança militar. O presidente russo, Vladimir Putin, que fustiga a blindagem das fronteiras vermelhas, desde 2014, ao anexar a Crimeia, não admite enfraquecimento das ligações e dependências geopolíticas com a Ucrânia. Resumindo, alerta para a razão de estar defendendo o próprio domínio étnico e fronteiriço. A contrariedade é pelo apontado movimento de Kiev para incorporar a Otan, apesar de ser considerado direito de soberania. O presidente da Ucrânia defende o direito de filiação à Otan como exercício de soberania, mas enfrenta divergências internas fomentadas pela influência de Moscou. O clima tenso, com as manobras russas e reforço bélico ao exército ucraniano por parte das potências europeias parece definido. O presidente Biden tem sido firme na liderança do bloco ocidental, embora não tenha determinado força bélica no campo de batalha, de uma guerra que está anunciada e não deflagrada. Tanto os USA como potências da Europa ameaçam com embargos. Preparam o “Economic Cross” radical, com gigantescos efeitos transfronteiriços. O poderia bélico contra iminente ataque russo à Ucrânia seria reforçado pela Otan. Apenas as sanções econômicas seriam diretas dos aliados ocidentais contra o Kremlin.
Em meio a todos os motivos, interesses e supostas razões está a catástrofe da guerra, sempre a guerra, suprassumo da estupidez humana, perpetuado nos séculos. A maioria dos líderes religiosos acodem com orações fervorosas em favor da paz. Os mandatários que falam em nome das grandes nações também se dizem mensageiros do diálogo pela paz mundial. Mas são justamente esses que acionam o botão da morte autorizando disparos de forças aéreas, terrestres e marítimas. Por isso que toda a guerra é suja e contradiz o destino verdadeiro da humanidade, não bastassem a fome e a pandemia do planeta. As tropas estão eriçadas, mas sempre há esperança de contar com o supremo clamor humano. “Bela matribus detestata” (a guerra é detestada pelas mães), grito ou sussurro, que ecoa nos tempos e que se repete na literatura romana.
Retoques:
· Embaixada do Brasil em Kiev pede aos brasileiros que deixem a região. A atitude não tem a veemência recomendável como apelo de paz.
· O presidente Zelenski, da Ucrânia, alerta forças ocidentais que não pretende ter seu país utilizado como mero instrumento de pressão contra a Rússia. Sua adesão à Otan teme um abandono.
· A população brasileira endividada trava o desenvolvimento social e a economia. Desemprego e inflação nos itens de consumo básico são agravados com as consequências da pandemia.
· A vacina é o instrumento prioritário na retomada da produção pelo trabalho. O negacionismo já prejudicou demais a vida nacional.
· As inundações de Petrópolis, na Bahia e em Minas, acentuam uma dívida severa no campo habitacional e no saneamento urbano. Ausência de atitude histórica, minimizada nas políticas de socorro emergencial. A falta de tratamento digno e mazelas da corrupção persistem com potencial devastador na complexidade da moradia.
· A atitude voluntariosa de cidadãos comuns é a tentativa efetiva no socorro às famílias desabrigadas. Nos morros dos desabamentos, motoqueiros de condição financeira simples é a solidariedade comovente que produz ajuda rápida substituindo o falido modelo de governo no atendimento.
· As avaliações e alertas dos cientistas e pesquisadores são sempre esquecidas. Não há incentivo para estudiosos sobre as diversas catástrofes. O governo continua inoperante diante do vale da morte das inovações salvadoras.