O temor inexorável da humanidade é o destino único da morte, quando termina o ciclo biológico dos humanos e todos os seres vivos. Estar vivo é a absoluta certeza e condição determinante de que um dia chega o fim. Este final inevitável é designo traçado pelo criador, como explica a crença da maioria das fontes religiosas da humanidade. É das mais remotas criações pela mão humana, a saga das guerras. Esta sim foi instalada em atos de ódio, denominada em momentos de glória vã, de arte bélica. A mística desta degeneração natural veio blindada pelo status de sustentação da mais alta nobreza em suas conquistas históricas. Até nossa memória milenar assinala a versão dos vencedores. Pálida é a memória das conquistas de paz genuína. As razões mais diversas de libertação de grupos humanos, ao par de outros momentos de ódio implacável na imponderável utilização da força física letal narram o permanente modelo fraticida da existência dos homens. A bíblia conta o episódio que moveu Caim a tirar a vida de seu irmão Abel por motivo torpe, mas até esse evento perdeu-se no tempo como necessidade de reprovação. É absolutamente doloroso reconhecermos que a relação dos povos insere a guerra como fato consumado. O resultado fatal, a morte e mutilações corporais, tanto quanto a dor moral e sequelas infames e desabrigo total do ser humano, são lançados no conformismo. As ilações da literatura avaliam com flacidez ética o final seriado de batalhas devastadoras. Soa com simpatia a frase harmonizadora de Siro na convulsão bélica romana: “Bis vincit qui si vincit in victoria” (vence duas vezes que se vence na vitória). Fala-se, então, em respeitar os vencidos, vivos ou mortos. E o que chamamos de paz é uma pedra sobre as sepulturas. E nada mais! Estamos em plena escalada da guerra em sua configuração mundial. As mulheres, crianças, velhos, doentes e homens guerreiros, que morrem ou são lançados na dor da violência, reduzem-se a uma explicação genérica, de que a guerra sempre existiu. Esse é o sentimento que se pulveriza na consciência humana. Abandonamos a utopia da paz.
Civilização armada
As fantásticas conquistas tecnológicas evidenciadas a partir do século XX chegaram velozes até nosso cotidiano. Os meios de comunicação disponíveis à atual geração avançaram tanto que desafiam o imaginário. A transição de tudo isso tem exigido adaptação urgente na linha do afeto das relações humanas. Tudo é ótimo como recurso da criação do homem, especialmente o avanço da ciência médica que decretou o fenômeno da longevidade. As castas oligárquicas, no entanto, retomam rapidamente o signo do extermínio, manipulando os que se dizem líderes mas não passam de alucinados gênios do mal. O resultado de enorme pressão no jogo de poder leva a potência mundial, Alemanha, a investir em poder bélico. É o sinal de que o mundo está mesmo em perigo.
Ucrânia
O desmanche da União Soviética sepultou um regime totalitário, mas não eliminou o pensamento totalitário fortemente disseminado no mundo. O ex-presidente Trump tentou sua consagração com ajuda soviética nos USA. A democracia americana impediu sua ascensão. Os métodos de ataque à democracia estão marcados em quadrantes do planeta. A ação que começa com fórmulas híbridas de constituição do poder político nas nações, logo salta para a autocracia rumo ao totalitarismo. A estratégia começa com a dilapidação das instituições democráticas. Aqui no Brasil presenciamos ataques vergonhosos contra poderes constituídos, instituições de defesa ambiental, e mais enfática contra o sistema eleitoral. A guerra da Ucrânia revelou o estranho apreço de Bolsonaro pela figura de Putin. O alegado preito em favor do fornecimento de fertilizantes e gás ao Brasil não explica o suficiente. A Ucrânia sofre a guerra, mas suas consequências mexem com a difícil situação na economia brasileira. Inflação, preço do combustível e a crise nos fertilizantes agravam o que já era difícil.
Marielle
A data de hoje lembra o assassinato de Marielle Franco, líder comunitária e defensora de direitos humanos.