Não duvide do potencial de valorização do seu imóvel usado. A probabilidade pode existir não somente por atributos próprios como infraestrutura e localização, como também pela forma como o mercado da construção civil tem se comportado nos últimos dois anos. A escassez de insumos é a principal razão para a valorização do metro quadrado, tanto de imóveis novos, quanto dos usados.
Mesmo com a flexibilização das medidas restritivas contra a Covid, ainda é possível sentir o impacto que a falta de materiais tem gerado para a construção de novos empreendimentos, afetando consequentemente o preço final dos produtos. O problema se arrasta desde o início da pandemia e infelizmente parece não terminar tão cedo, tendo em vista outras dificuldades que se somaram ao cenário econômico mundial, de lá para cá. Como se não bastasse a crise sanitária que interrompeu as atividades industriais de muitos países, a guerra na Ucrânia é mais um entrave para a retomada do fluxo normal da produção e distribuição de matérias-primas fundamentais para diversos segmentos.
Os indicadores mostram que os preços dos insumos estão subindo num ritmo mais acelerado que a própria inflação. Para produtos de metal, por exemplo, o aumento no acumulado de 12 meses já é de 33%, enquanto a inflação, medida pelo IPCA, se encontra atualmente em 10,5%. Além disso, o plástico também é outro produto que está encarecendo devido ao aumento no preço do petróleo, que registra o maior nível desde 2014. Para a construção civil, esse é um fator de grande significado, já que sozinho o segmento é responsável por 23% do consumo de plástico no Brasil, superando inclusive o consumo do setor alimentício.
Então, se havia qualquer expectativa de estabilização do custo para construir, o conflito do leste europeu acabou de adiar. O que vemos agora é uma discrepância muito grande do valor do imóvel novo em relação ao imóvel usado. Algo que deve movimentar o mercado imobiliário na busca por equilíbrio dos preços a médio prazo.
Devido ao custo de produção, os imóveis novos já estão sendo lançados com uma valorização que pode chegar a 30%, bem maior do que costuma valorizar um imóvel usado. Com isso, o mercado que já tinha um estoque de imóveis prontos, com custos de produção bem menores, deve puxar os preços para cima na tentativa de equilibrar o valor do metro quadrado.
A procura por imóveis também é um fator determinante para a valorização do usado. A demanda que disparou nos últimos anos tem se mantido muito forte, mesmo com o aumento das taxas de juros dos financiamentos imobiliários. Os investidores se caracterizam como o público da vez, buscando no mercado imobiliário alternativas para proteger seu patrimônio do clima de instabilidade, enquanto o consumidor final continua com os planos de conquistar a própria moradia ou fazer um upgrade para um imóvel maior e com mais benefícios.
A valorização do imóvel usado deve acontecer, porém, de forma gradual. Quem tem um imóvel que deseja vender precisa começar a “sentir o cheiro” do mercado para fazer negócio no momento certo. Da mesma forma, quem deseja comprar, precisa ficar de olho nos preços para aproveitar a melhor oportunidade de realizar um bom negócio.
