O quinto domingo da quaresma apresenta o episódio do Evangelho onde Jesus salva uma mulher adúltera da condenação à morte (João, 8,1-11). Este texto bíblico inspira a Campanha da Fraternidade. É um episódio dramático: trata-se de uma condenação à morte e os mestres da Lei e os fariseus querem “experimentar Jesus para terem motivo de o acusar” colocando-o como juiz, “que dizes tu?”.
Na vida se faz necessário tomar decisões constantemente. Algumas decisões não têm maiores implicações, mas outras são delicadas por envolverem outras pessoas e pela sua incidência na vida pessoal, familiar e social. A situação que colocaram Jesus era extremamente complexa e não havia resposta pronta e fácil. Naquela situação quem estava com a razão? Quem estava agindo corretamente segundo a lei civil e moral?
A postura de Jesus não começou promovendo um debate com os interlocutores a respeito da interpretação da lei de Moisés. A primeira atitude foi fazer silêncio, escrever no chão e depois lançar um questionamento penetrante na consciência. “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe a pedra”. Uma pergunta dirigida aos acusadores, à mulher e aos curiosos.
A título de hipótese, parece que Jesus tinha algumas alternativas que poderiam orientar a sua decisão. A primeira seria confirmar a lei de Moisés. “Se um homem cometer adultério com a mulher de outro, com a mulher de seu próximo, ambos serão mortos, tanto o adúltero como a adúltera” (Levítico 20,10). Jesus poderia dar razão aos mestres da Lei e fariseus condenando só a mulher e não o homem. Jesus também poderia aprovar o comportamento da mulher.
Jesus não ficou indiferente e claramente se posicionou, manifestando a sua sabedoria e o seu amor. Em primeiro lugar, Jesus revoga a lei de Moisés que condenava à morte alguns crimes e pecados. Naquela hora se tratava de salvar aquela mulher da condenação da morte. Hoje existem leis e costumes que promovem e aprovam a morte, mesmo sendo legais, são imorais por garantirem privilégios e discriminações. Os mestres da Lei estavam manipulando a lei por aplicarem-na apenas à mulher e não ao homem.
Jesus também não aprova a atitude da mulher, nem a condena, mas faz um alerta. “Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”. Ela recebe o perdão para continuar a sua vida. Jesus também confirma a fidelidade e o sexto mandamento de “não pecar contra a castidade”.
Os mestres da Lei e os fariseus foram ao seu encontro para experimentá-lo e terem motivo de acusá-lo. Da parte de Jesus receberam atenção e um novo ensinamento. Jesus como mestre, que fala com sabedoria e ensina com amor, se preocupou em ensinar todas as pessoas envolvidas no dramático episódio, pois todas eram necessitadas de compreenderem melhor a vontade de Deus, compreenderem melhor o ser humano, de revisarem leis e costumes.
Todos se retiram diante da pergunta de Jesus: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe a pedra”. A condição humana é marcada pelo pecado, pela falta de discernimento, por condenações precipitadas e injustas. Os humanos são necessitados de perdão, misericórdia e salvação. “Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que mundo seja salvo por meio dele” (João 3,17).