OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Nos últimos dias, movimentos no contexto europeu tomaram destaques, principalmente aqueles vinculados com a conjuntura ucraniana. O primeiro deles é o destino da França. O primeiro turno das eleições demonstrou um cenário substancialmente apertado entre o atual presidente, Emmanuel Macron, e a candidata Marine Le Pen, tradicional postulante. Nas últimas semanas, Macron tem tentado se cacifar como o grande líder e negociador europeu, uma espécie de substituto forçado de Merkel. A questão é que nada de concreto se observou a partir das longas conversas telefônicas com Putin. Macron tem o apoio do establishment francês e de Bruxelas (entenda-se aqui a União Europeia), ao passo em que a estratégia de Le Pen buscou aproximá-lo dos populares, com a audaciosa proposta de redução de impostos nos combustíveis. Dessa forma, Le Pen planejou mirar o bolso dos franceses, de forma pragmática. O temor do establishment são as posições que Le Pen já manifestou em outros momentos, como a possível saída da França da União Europeia (no mesmo caminho do Brexit) e até mesmo a saída da OTAN. Em que pese a candidata ter suavizado algumas pautas polêmicas, as questões de política externa deixam uma incógnita sobre eventual atuação de Le Pen.


União Europeia, novo reforço 

Tomou destaque o novo anúncio da União Europeia para o envio de ajuda financeira à Ucrânia, no total de 543 milhões de dólares. No pacote, o enfoque seria o de novos equipamentos militares, bem como questões de apoio logístico (combustíveis, kits etc). A lógica é a de que os movimentos de Putin não cessaram, por mais que o novo e alegado foco estivesse dirigido ao leste ucraniano, depois de uma campanha terrestre desastrosa. Desde o início, a União Europeia deveria ter tomado postura assertiva, uma vez que é uma guerra que ameaça consideravelmente o espaço europeu, ao passo em que a Ucrânia vai negociando o seu processo de adesão à instituição.


Alemanha 

De acordo com estudo divulgado por institutos econômicos, a Alemanha poderia entrar em um processo de recessão, com o cenário do não fornecimento de gás natural por parte da Rússia, reduzindo significativamente o PIB alemão. Em 2021, grande parte do gás foi dirigido principalmente ao setor produtivo, energia e até o aquecimento, para o inverno rigoroso. Como já antecipamos na coluna, a Alemanha busca novas soluções estratégicas para evitar efeitos negativos, entre eles o investimento pesado em plantas de gás liquefeito. O estudo revela que a decisão no sentido de depender, quase que exclusivamente, do gás russo tenha sido tomada com excesso de otimismo sobre o futuro dos movimentos de Putin, que se revelam desastrosos. A previsão mais negativa, ainda para esse ano, reduziria o crescimento econômico em 1,9%. Do outro lado, ainda não parece ser de interesse russo o bloqueio no fornecimento, uma vez que depende da entrada de divisas em um cenário, cada vez maior, no isolamento da economia, somado aos altos custos das incursões militares que agora parecem mudar de foco. Daí a hesitação inicial de Oláf Scholz, lá no início da guerra, onde não falava de ajuda militar direta. Decisão que teve de ser mudada após a pressão dos alemães e que levou o país a aumentar o seu orçamento militar, inclusive. 

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