O acontecimento fundamental da fé cristã é a ressurreição de Jesus Cristo. São Paulo escreveu: “Se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é sem fundamento, e sem fundamento também é a vossa fé. Se os mortos não ressuscitam, estaríamos testemunhando contra Deus que ele ressuscitou Cristo” (1 Coríntios 15,14-15). A fé cristã está de pé ou cai com a verdade do testemunho segundo o qual Cristo ressuscitou dos mortos. Bento XVI, na obra Jesus de Nazaré, disse: “Somente se Jesus ressuscitou aconteceu algo de verdadeiramente novo, que muda o mundo e a situação do homem. Então Ele, Jesus, torna-se o critério no qual podemos fiar-nos; porque então Deus manifestou-se verdadeiramente” (p. 218).
Quais são os fundamentos da fé cristã na ressurreição de Jesus Cristo? O mistério da ressurreição de Cristo é um acontecimento real que teve manifestações historicamente constatadas. Pelo ano 56, São Paulo escreve aos Coríntios afirmando que tudo o que estava transmitindo havia recebido, a saber: que Cristo morreu pelos nossos pecados, foi sepultado, ao terceiro dia ressuscitou e apareceu a Pedro, aos doze e a muitos outros.
O primeiro sinal, no quadro dos acontecimentos pascais, que nos deparamos é o sepulcro vazio. Os evangelistas relatam que várias pessoas foram até o sepulcro e o encontraram vazio. Não é uma prova direta porque o túmulo vazio poderia ser explicado de outra forma. Porém, as faixas de linho no chão e outros elementos já despertaram a fé na ressurreição.
Os acontecimentos mais decisivos são as diferentes aparições de Cristo ressuscitado a pessoas que tinham intimidade com Ele. Estas acontecem em variadas situações do cotidiano. Maria Madalena e outras mulheres encontram o Ressuscitado no jardim do sepulcro; outros o encontram caminhando, ou pescando e em refeições. Tudo o que aconteceu nesses dias pascais dá início a construção de novos tempos. “Como testemunhas do Ressuscitado, são eles as pedras de fundação da sua Igreja. A fé da primeira comunidade dos crentes tem por fundamento o testemunho de homens concretos. (...) Estas “testemunhas da ressurreição de Cristo” são, antes de tudo, Pedro e os Doze, mas não somente eles: Paulo fala claramente de mais de quinhentas pessoas às quais Jesus apareceu de uma só vez, além de Tiago e dos outros Apóstolos” (CIgC - Catecismo da Igreja Católica, n. 642).
Diante desses testemunhos, é impossível interpretar a ressurreição fora da ordem temporal, física e não a reconhecer como fato histórico. Mesmo com todas estas evidências a fé dos discípulos na ressurreição também foi progressiva e foi amadurecendo nos encontros repetidos com o ressuscitado. Jesus ressuscitado estabelece relações diretas com os seus discípulos, estes o tocam e com ele comem, afirma que não é um fantasma, uma ilusão. Sempre mostra que é o mesmo que foi martirizado e crucificado, pois ainda traz as marcas de sua paixão.
A ressurreição de Cristo não é o retorno à vida terrestre, como havia acontecido com a filha de Jairo, do jovem de Naim e de Lázaro. Na ressurreição acontece algo totalmente novo que ultrapassava o horizonte das experiências humanas. “Contudo, este corpo autêntico e real possui, ao mesmo tempo, as propriedades novas de um corpo glorioso: não está mais situado no espaço e no tempo, mas pode se tornar presente, a seu modo, onde e quando quiser, pois sua humanidade não pode mais ficar restrita à terra, mas já pertence exclusivamente ao domínio do divino Pai” (CIgC n. 645).
Cristo ressuscitado é o fundamento da nossa fé. FELIZ PÁSCOA!