OPINIÃO

Teclando - 20/04/2022

O som do retrovisor

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O som do retrovisor

Desconfio que a idade já provoque algumas alterações na minha audição. Ouço bem, mas já posso sentir um possível indicativo de início de surdez. As vibrações sonoras, após captadas pelas orelhas, chegam aos tímpanos com sonoridades inimagináveis. Certamente, passam por uma grande distorção, pois as palavras que ouço no cotidiano estão muito próximas da ficção. Então, se não houver alguma deficiência nos meus canais auditivos, a deformidade fica por conta dos interlocutores. Como ainda confio na concepção anatômica e na boa fisiologia do meu sistema auditivo, estaríamos enfrentando uma deformação mental coletiva? É o que parece. Antigamente, quando um sujeito dizia alguma besteira era classificado como fraco das ideias. Mas esses eram casos raros de criaturas carentes de neurônios, mas que não disseminavam o ódio. Agora os meus ouvidos recebem asneiras a granel e expelidas em sonoridade prepotente.

A entonação autoritária é um aviso proibitivo para coibir uma possível contestação. Ensaiadas ou incutidas, são palavras repetitivas que ecoam em quase todos os ambientes. São pronunciadas por cordas vocais humildes ou prepotentes, mal ou bem-educadas, carentes ou abonadas. Ouvem, acreditam e repetem insistentemente. Sim, agem mecanicamente. Então, já com os ouvidos abarrotados por tantas asneiras, não consigo entender como pessoas com uma boa formação educacional acreditam em tudo que ouvem ou recebem? Se na lógica não há respostas, troco umas ideias com os meus botões que inicialmente pouco me dizem. Mas, mesmo irracionais, os botões sempre nos permitem algumas reflexões análogas. E desse papo-cabeça surgiram hipóteses sobre a origem desta sonoridade distorcida que afeta os meus ouvidos. Viriam de alguma espécie de seita ou vivemos uma síndrome de idiotice coletiva? Sei lá. Respeito os meus botões, mas, por via das dúvidas, vou fazer um exame de audiometria.

O som ambiente

Falando apenas para ouvidos afinados, como faz bem à alma um som ambiental. Por muitos anos, a velha Guaíba AM e depois a FM respondiam pelo som ambiente de lojas e restaurantes em Porto Alegre. Por aqui, o mesmo espaço foi ocupado pela velha Planalto AM e depois pela FM, então com uma programação que mesclava orquestras e gravações da prateleira de cima. Efêmera, também tivemos a Antena 1. As gravações em fitas cassete ou fitas magnéticas de rolo foram muito utilizadas, sempre com excelentes seleções musicais. Hoje o som ambiente é uma raridade. Refiro-me às músicas que ouvíamos nos aviões da Varig, nos bons restaurantes, lojas, salas de espera de consultórios e até nas toaletes de requintados estabelecimentos. Hoje, a internet dá uma mãozinha para suprir a carência deste agradável estilo no dial. Então, como não é difícil colocar um som ambiental de qualidade, por que alguns insistem com porcaria? Ora, desta forma estão nivelando por baixo a clientela e os próprios estabelecimentos. Experimentem apostar na qualidade. Faz bem aos ouvidos e a alma flutua.

O som das ruas

Que gente curiosa. Parece que há uma ansiedade coletiva por novidades. Ruins, é claro. Tá bom, após insistência de conhecidas e carimbadas figurinhas (nomes preservados), mais uma dica sobre o prenúncio de um escândalo. Não tem data definida. Tudo depende do andar da carruagem. Pode ser amanhã, semana que vem, próximo semestre ou mesmo no final do ano. Mas, podem apostar, é inevitável!

O som do Oásis

O murmurinho tomou conta da tradicional Mesa Um. É o som que ecoa pelas paredes do Bar Oásis. Tudo por conta da retomada do expediente da mais eclética confraria de Passo Fundo. A turma está voltando. O Aniello, pé-quente de domingo na vitória do Gaúcho, deve reaparecer a qualquer momento. As assembleias festivas já estão na agenda. Depois da sua sesteada pós-almoço, o convocador oficial, Aldo Battisti, está a postos com a lista dos convidados. Sigilo e muita expectativa.

Trilha sonora

Assim era “A Música da Guaíba”:

Orquestra 101 Cordas – I Left My Heart In San Francisco


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