OPINIÃO

A Dama da Psicopedagogia

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Marisa Potiens Zilio, a Dama da Psicopedagogia, morreu na madrugada dessa terça-feira (19) em Passo Fundo. Ela tinha quase 78 anos (seriam cumpridos em 25 de junho) e, depois de período de hospitalização, sucumbiu às sequelas deixadas por um AVC que a havia acometido em 20 de março passado. Marisa era paulista e, pelas tais razões do coração que a própria razão desconhece, radicou-se em Passo Fundo.

Na área da Educação, Marisa formou-se no Magistério em 1962. Em São Paulo, começou dando aulas do jardim da infância até a quarta série do ensino primário. Especializou-se no método montessoriano pela Escola Nossa Senhora de Sion e dirigiu uma escola dessa orientação pedagógica. Até que, em 1970, deu os ares da sua presença em um dos Cursos de Férias da Faculdade de Educação da UPF, conheceu Juarez Paulo Zilio, com quem se casou em 1971, e o resto é história. Fixou residência em Passo Fundo. Começou, em 1972, a trabalhar na APAE. Assumiu o cargo de coordenadora do Ensino Especial na 7ª Delegacia de Educação. Iniciou o curso de Pedagogia na UPF, formando-se na turma de 1975. Passou a atuar como professora na Faculdade de Educação da UPF, buscou especializações, fez mestrado pela PUCRS (1993), dirigiu o Centro Regional de Educação (CRE) e ocupou o cargo de vice-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários de 2002 a 2006. Depois de aposentada da UPF, em 2009, assumiu como coordenadora-geral da Faculdade Anglo-Americano em Passo Fundo. Pela sua atuação em Educação, recebeu prêmios e honrarias diversos. Mas, foi como psicopedagoga e como pessoa de modo peculiar no trato com os outros, que Marisa Potiens Zilio se notabilizou e será lembrada.

Marisa e Juarez Zilio primavam pela religiosidade. Lideraram diversos movimentos ligados à Igreja, como Cursilho e Emaús, à Educação, caso da Escola de Pais, além de terem criado a Feira da Ternura, movimento em prol de entidades beneficentes. O casal, pela via da adoção, conceberia quatro filhos, Luciana, Andréa, Pietro e Luis Paulo (in memoriam). Eduardo Caierão, amigo da família, recorda das viagens para a praia, quando, tanto na saída da cidade quanto na chegada ao destino, Marisa e Juarez, tamanha a religiosidade, puxavam uma oração para pedir proteção a Deus e em agradecimento. Marisa na Educação e Juarez na Politica (foi vice-prefeito de Passo Fundo, na administração Edu Vila de Azambuja, 1973-1976, e, pela votação de sublegenda, seria decisivo para a eleição de Fernando Machado Carrion, em 1982) tocavam a vida, até que, vitimado por um câncer de pâncreas, em 1992, Juarez Zilio morreu. Dez anos depois, em 2002, Marisa selaria nova união com o psiquiatra Albino Júlio Sciesleski. E, junto do Dr. Albino, Marisa viveria até que a morte os separou. Viajaram pelo mundo, compartilharam dores e amores e escreveram livros (Ser humano – O desafio na vida e no trânsito) e artigos sobre a etiologia da violência.

A Academia Passo-Fundense de Letras está de luto. Perdeu, além da sua vice-presidente, uma pessoa querida por todos. Sobre o passamento de Marisa Zilio, segue, parcialmente, entre tantas, algumas manifestações: “Agora viverá em nossas memórias, pelos exemplos de amor, dinamismo, cuidado e comprometimento.” (Marilise Lech); “Se Deus feriu Jó, não poupou minha amiga Marisa. Nela habita o bom humor, me fazendo fortalecido em minha caminhada. Nada maior, nem melhor, encontrei em minha jornada de exemplos.” (Agostinho Both); “Pessoa exemplar e paradigma.” (Irineu Gehlen); “Vá em paz querida Marisa, os anjos estão em festa para recebê-la!” (Jabs Paim Bandeira); “Ficamos todos órfãos dessa mãezinha, que através de sua voz aveludada, nos dava ânimo e garra para sonhar e realizar.” (Pia Elena Borowski); “A Marisa Zilio fará falta nos múltiplos universos que participou - família, amigos, obras assistenciais, pacientes, entidades. Que nobre exemplo a seguir!” (Osvandré Lech).

Nas mãos do editor Charles Pimentel ficaram, inacabadas, as memórias afetivas de Marisa Zilio, postas no livro “Histórias de Família”. Rememorando Manuel Bandeira: “Você continua vivendo, na vida que você viveu.” Requiescat in pace, Marisa!


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