OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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A invasão russa na Ucrânia reabre uma série de dúvidas e desafios à segurança internacional global. Entre elas, destaca-se a questão nuclear. A recente manifestação do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, de que o risco nuclear “é real e sério e não deve ser subestimado”. Essa declaração decorre das recentes ajudas militares do Ocidente à Ucrânia, com equipamentos avançados. A ameaça nuclear foi a tônica da rivalidade no fim do século XX, entre EUA e a União Soviética e marcou uma configuração específica da segurança internacional da época, com o conceito da dissuasão nuclear. A questão é que, de lá para cá, muita coisa mudou no cenário dos armamentos nucleares. Se na Guerra Fria havia ainda restrições no que toca o tipo e a tecnologia empregada, nos tempos de hoje as tecnologias são diversas. Isso engloba, por exemplo, as armas hipersônicas e os modernos mísseis balísticos intercontinentais, capazes de levar ogivas nucleares para qualquer ponto do globo, destruindo cidades ou países inteiros. Por isso, o conflito nuclear ficou demarcado nas declarações de Reagan e Gorbachev, como “uma guerra que não pode ser vencida e não deve ser travada”.


Estratégicas e Táticas 

Entre as novas tecnologias nucleares, as armas podem ser divididas em duas categorias: as estratégicas e as táticas. As primeiras são de longo alcance e altíssima destruição, conseguindo viajar por longas distâncias, atingindo qualquer país. A reserva russa desse tipo de armas gira em torno de 6 mil ogivas, enquanto os EUA possuem 5,5 mil. Nesse tipo de arma, não é o número o critério mais importante, mas a sua capacidade destrutiva, bastando algumas ogivas para se destruir o mundo inteiro. Já as armas táticas possuem capacidade destrutiva consideravelmente menor, percorrendo distâncias mais curtas, abaixo de 500 quilômetros. As mesmas podem ser utilizadas para destruir tanques e até mesmo embarcações militares. A preocupação ocidental, nesse momento, está na possibilidade de a Rússia empregar esse tipo de arma na guerra contra a Ucrânia, principalmente pelo fracasso das estratégias iniciais de Putin. Na história das armas nucleares, nunca houve qualquer tipo de tratado internacional para limitar ou controlar esse tipo específico de armamento, diferente do contexto das armas estratégicas, cujos tratados perdem o seu valor com as recentes ameaças do Kremlin. Algumas fontes dão a entender que em termos de arsenal de armas táticas, a Rússia teria por volta de 2 mil, enquanto os EUA, 200. A Rússia possui várias maneiras de dispor dessas armas, como submarinos, mísseis balísticos de mar e terra e aviões militares. Os EUA possuem uma limitação, podendo dispor dessas armas a partir de aviões, somente. Grande parte do arsenal americano está nas bases de países europeus, membros da OTAN. Um dos cenários existentes é justamente a possibilidade de Putin usar essas armas para escalar ainda mais o conflito, mudando a configuração do poder, demovendo a OTAN, na condição em que a guerra ameace a sua existência e de seu regime. Putin perdeu cerca de 25% do seu poder de combate nos últimos dois meses. Com o Tratado de Não Proliferação Nuclear completamente ameaçado, uma nova era nuclear emerge, fundada em novas tecnologias e alto risco à segurança internacional. 

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