A nossa Brahma
Atualmente, Brahma e Antarctica dividem os mesmos engradados no imenso mix da AmBev. Mas nem sempre foi assim e as duas marcas já travaram lutas acirradas no mercado cervejeiro. Hoje, em Passo Fundo, cidade cosmopolita, para identificar um passo-fundense autêntico basta observar a marca da cerveja que ele está tomando. Se o sujeito tiver mais de 40 anos e a garrafa for de Brahma Chopp, pode apostar que ele é passo-fundense. A Brahma teve icônica fábrica em Passo Fundo, cuja chaminé está integrada na paisagem urbana. Aqui produzia a Brahma Chopp, o que justifica essa fidelidade. Lá pelos anos 1970/80, dependendo do estabelecimento, pedir uma Antarctica até soava como uma ofensa. Brahma e Pepsi, produzidas em Passo Fundo, predominavam nos bares e restaurantes.
Eu preferia a linha da Antarctica, mas era uma raridade. Além disso, havia um condicionamento do próprio meio. E, é claro, o eficiente patrulhamento dos sempre respeitáveis inspetores da Brahma. Na prática eram promotores de vendas que se espalhavam pelos bares e restaurantes da cidade. Você saboreava uma Pilsen Extra da Antarctica e, quando a garrafa estava quase vazia, chegava o garçom com uma Brahma Chopp e dizia “gentileza da Companhia Brahma”. Era uma convidativa garrafa trincando de gelada, que chamávamos de capa branca. Não havia como resistir à tão convincente proposta e bebíamos Brahma Chopp. A cervejaria mantinha uma sintonia impecável com a sociedade passo-fundense.
O chope fresquinho vinha em barris de madeira e comprávamos na própria fábrica. Em datas alusivas, a Brahma promovia maravilhosos coquetéis em seu refeitório. Nas homenagens à imprensa, muito me deliciei com os tradicionais mini-cachorros-quentes. Chegavam acompanhados por garrafas de cerveja sem rótulo que escaparam da pasteurização. Sim, um cremoso chope engarrafado que ainda ocupa espaço na minha memória. O mercado cervejeiro mudou muito, evoluiu e abriu janelas para o mundo. Vivemos outra realidade. Tudo bem, mas e o nosso chope da Brahma que bebíamos direto da fonte? A Brahma se foi. Ficou a chaminé e a saudade do aroma de cevada que o vento espalhava pela Paissandu.
Corrupção
Observo um automóvel com adesivo contra a corrupção, sempre uma salutar campanha. Para em local proibido e o motorista, aparentemente um cidadão de bem, negocia com um ambulante. Comprou um pacote de passagens urbanas que, certamente, utilizará para fornecer como vale-transporte para os funcionários da sua empresa. Mesmo que, na prática, isso seja rotineiro, é uma forma de burlar a lei. Esse tipo de comércio das passaginhas é ilegal. Ora, isso também é uma forma de corrupção. Não adianta apenas o adesivo. Tem que dar o bom exemplo.
Ricardos
No espaço dos bares de Passo Fundo surgiram grandes músicos. Reverenciando esse vínculo, o show “Nossas Origens” reunirá Ricardo Pacheco e Ricardo Camargo. Será no próximo dia 14, um sábado, às 20 horas no Teatro do Sesc. Uma apresentação que, além de muita música, também trará belas histórias dos palcos da vida. O espetáculo bem que poderia se chamar “Ricardos Corações de Canções”. Pacheco faz feijoadas por aqui, Camargo moquecas na Bahia, mas seus dedos não desgrudam das cordas de seus violões. Um reencontro que promete!
Temperando
Em matéria de temperos podemos ser bairristas, pois a Bravine de Passo Fundo é hoje um referencial de qualidade. Nosso eterno zagueiro do Gaúcho, Branco Ughini, caprichou na proposta de salpicar sabor na cozinha. Além dos ingredientes avulsos, uso e abuso do adobo. A mistura pode ir além do uso tradicional para os assados. Descobri que é um excelente tempero seco para descansar com as carnes. Provado, aprovado e ovacionado. Afinal, sem temperos a vida é muito insossa.
É bom lembrar...
O jornalismo é crítico por essência e exigente por excelência.
Trilha sonora
Los Românticos del Caribe - Tender Is the Night