OPINIÃO

Conjuntura Internacional  

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Um passo importante na conjuntura da guerra russa contra a Ucrânia será a definição, por parte da Finlândia e da Suécia, se irão de fato aderir à OTAN. Na mesma janela de tempo em que devem decidir, as ameaças russas vão se somando. A última foi proferida por Dmitry Rogozin, chefe da Agência Espacial russa e aliado próximo de Putin, de que a “Rússia poderia destruir a OTAN em 30 minutos, em caso de uma guerra nuclear”. No discurso que proferiu no dia 9 de maio, o “Dia da Vitória” para os russos, Putin citou diretamente a “ameaça” da OTAN, enquanto muitos esperavam alguma ação de escalada no conflito. O passo que a Finlândia e a Suécia dão pode ser uma virada no contexto do conflito. Os países, historicamente, mantinham a sua neutralidade militar durante os últimos 200 anos, o que mudou drasticamente após o início da guerra e o temor de que o delírio expansionista soviético de Putin pudesse avançar para além da Ucrânia. Trata-se de uma balança de poder muito sensível: de um lado, o cálculo pela sobrevivência dos países em uma futura escalada na guerra; e de outro, os possíveis impactos e a reação russa caso eles façam a sua adesão à OTAN. Com relativo apoio popular, caso a decisão seja pela adesão, os parlamentos dos países não teriam problemas maiores para dar prosseguimento. O Reino Unido anunciou recentemente que dará apoio à Suécia e à Finlândia contra as ameaças russas, assinando com os países pactos de segurança mútua. A próxima cúpula da OTAN transcorrerá no final de junho em Madri, na Espanha. A decisão dos países, se positiva, inflamará a retórica de Putin, sendo a principal incógnita, como ele agiria em termos práticos, uma vez que tem dito que haveria implicações não só políticas, mas militares. Se levarmos em conta os métodos de Putin, as respostas poderiam ir desde a colocação de armas perto da fronteira com a Finlândia, como desinformação e propaganda, até ataques cibernéticos. Há muita dúvida se Putin daria passos maiores que esses, pois, nos últimos dias, o exército de Moscou tem sofrido duros reveses, no leste ucraniano, onde parte do fornecimento de gás russo foi interrompido a partir de uma ação militar ucraniana, acendendo um sinal vermelho no futuro energético europeu. As pesquisas populares nos dois países dão conta de que, na Finlândia, cerca de 70% aprovariam a adesão, enquanto na Suécia parece haver uma divisão maior, na margem dos 50%. A grande questão é que a Finlândia faz fronteira direta com a Rússia e o que se viu até agora, no contexto da guerra, não é nada animador, lembrando que Putin recentemente violou o espaço aéreo dos países, enviando um sinal do que estaria por vir. Importante salientar que a inclinação da Finlândia e da Suécia não é recente, em relação à OTAN, pois, desde a invasão e anexação ilegal da Crimeia, já havia um temor nas reais intenções de Putin em relação aos países europeus, o que restou concreto com a guerra empreendida contra Kiev, nos últimos meses. As forças militares dos países vêm fazendo treinamentos militares com a OTAN, o que facilita o contexto de futuras ações, caso optem por aderir ao sistema de segurança coletiva. 


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