O império do tráfico teve sua etapa horrenda nos trezentos anos de escravatura. Hoje, da mesma vertente desumana da conduta social, enfrentamos o tráfico de entorpecentes, armas, e do crime organizado e afins. O sistema internacional de traficância das drogas ilícitas preserva e renova seus métodos de ação em todos os países. No Brasil o crime forja sua persistência nos mesmos horrores de crueldade da marca indelével instalada pela escravidão. Grande parte das riquezas históricas desse país, foi acumulada nos engenhos e fazendas com o trabalho escravo, mantido à força pela chibata, tortura, opressão psicológica e muitas mortes covardes. Os que lucraram com os séculos do barbarismo cultivavam o desprezo racial e a supremacia branca. A questão é que o tráfico de escravos, concebido como oficialmente pela sociedade exploradora e poder legal de governo, amainou a perversidade do desrespeito à vida dos escravos e suas famílias, eliminando direitos naturais dessa legião aflita de trabalhadores. A própria Lei Aurea demarcou apenas a letra formal libertária. Os opositores da liberdade no parlamento continuaram vituperando contra da libertação, alegando prejuízo econômico. As raízes do mal foram fumos sombrios e densos que cobriram o descalabro dos séculos de submissão ao conservadorismo, que exaltou mais ainda a exploração abominável dos libertos, sem teto, sem braços, sem saúde, sem reconhecimento de seus valores humanos. Então, de algum modo, a mentalidade exploradora ampliou-se pela cena do crime da submissão. Ampliou-se a ausência de respeito humano, transferindo o objeto de desgraça a outra condição subordinante: o estado de pobreza. O tráfico de escravos cravou fortemente a cultura de dominação do crime que agora executa sua estratégia do grande negócio do crime: a droga. E as monumentais fortunas que surgiram inexplicáveis, ostentam sem qualquer escrúpulo o status de poder pelo dinheiro. Escravizam a sociedade vulnerável de todas as raças!
Dia seguinte
“Como não pensar na segunda-feira, 14 de maio de 1888. Como amanhecer um país depois, de um domingo qualquer, haver abolido a mais odiosa de suas instituições seculares?”, diz Juremir Machado da Silva, em sua obra – Raízes do Conservadorismo Brasileiro. Por isso, a opinião e revisão da nossa história escrita e através das artes é dever da imprensa sem contaminação odiosa e retomar o debate, por que as hostes do mal já estão produzindo estratégias de opressão fazendo da miséria o escabelo de enriquecimento injusto. As oligarquias minimizam o descalabro das diferenças sociais. Minimizam ardilosamente o trabalho escravo que domina vidas de milhares de pessoas, a maioria negra. Os casos análogos. O território indígena sofre destruição, envenenamento dos nossos rios, e massacre escancarado de seus líderes.
E a democracia
Prossegue o presidente Bolsonaro, na infâmia de acusar as urnas eletrônicas, tentando massificar seu estilo autoritário acreditado por adeptos fanáticos. Ao tecer cortinas de fumaça adota o método das manifestações bipolares. O curso de falas na orla das políticas de governo tem seguido o caminho que visa erodir instituições históricas, drapejando estranhas bandeiras. O favorecimento ao desprestígio à vigilância ambiental é muito grave. Tudo contra princípios democráticos.
Fome
O encontro de Davos, na Suiça, realiza sua reunião número 51, centrando discussão sobre o aquecimento global e a guerra da Ucrânia. A primeira manifestação, no entanto, emparelha com os temas apontados. Refere-se ao momento em que em vários países acentua-se a diferença social. O alerta é sobre o agravamento da fome. Nosso problema é que o estrangulamento do ganho do trabalhador caiu drasticamente no Brasil. As barreiras do desemprego estão muito firmes. O orçamento doméstico, mesmo em famílias amparadas por algum emprego descambou rapidamente, sem boas promessas. As pessoas estão devendo mais, especialmente aos bancos que não estão nem aí! Bancos continuam lucrando muito. As pessoas estão trocando de barraco, por aluguel mais barato e não mais se escreve lista por mais modesto que seja o cardápio. Mais pobres caem na miséria e aumenta a fome no país mais rico em alimentos.