OPINIÃO

Teclando - 24/05/2022

Bobos e felizes

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Bobos e felizes

Hoje, vejo absurdos que ultrapassam o ridículo. Então, olho para ontem e constato que as nossas bobagens sequer beiravam à idiotice de agora. Havia glamour! Lá pelo final dos anos 1970, os domingos eram bem mais movimentados. Restaurantes e churrascarias, reuniam boa parte da cidade para o almoço. Depois a turma se dividia entre o futebol e a matiné dos cinemas. Assim começavam as tardes de domingo e tudo, literalmente, girava em torno da Praça Marechal Floriano. Gente linda e sorridente espalhava felicidade pelas calçadas ou nos automóveis. Havia uma energia mecânica gerada pelos veículos que circulavam ao redor da praça ou até a Capitão Eleutério, época em que Moron e Independência tinham mão dupla. Logo depois da uma hora da tarde a voz de José Ernani ecoava nos carros que passavam, desfilando os sucessos da ‘Grande Parada da Planalto’. Às três da tarde, Oliveira Júnior comandava o ‘O. J. In Concert’ e o rock das guitarras era uníssono.

Porta-malas abertos para sonorizar um trechinho do passeio, mas ninguém abusava. Se houvesse exagero no volume, logo passava uma ‘canoa’ da Brigada e sinalizava para baixar o som. O Bar Oriente, na Moron, tinha fila para pegar um delicioso sorvete. Também havia disputa por uma mesa na Tia Vina, tradicional casa de chá na Independência. O coração da cidade pulsava na Praça Marechal Floriano. A roupa, obviamente, era uma domingueira em traje mais jovem à tarde. À noite um pouco mais social, pois ninguém dispensava um cineminha. E, na saída do Cine Pampa, os dois lados da Bento tinham paredões de gente delimitando uma passarela para mais gente passar. Por ali desfilavam as pessoas mais lindas do mundo. Em minutos, o Butterfly (restaurante do Turis Hotel) estava lotado. Uma turma descia a Independência para comer um xis do Boka. Alguns, estacionavam os carros em frente e tinham por hábito amarrotar roupas bem passadas. Sim, havia um bobódromo e éramos bobos felizes. Muito felizes.

Era uma vez uma calçada

As calçadas são passeios públicos. Isso é o óbvio ululante. Porém, como alguns umbigos ocupam o espaço de neurônios, ainda temos que ulular sobre essa obviedade. Então, desenhando, as calçadas são espaços dedicados à passagem das pessoas. É por ali que todos caminhamos. E, seguindo as leis da física, para caminhar é necessário espaço. Qualquer objeto sobre o passeio público atrapalha a passagem de pessoas. Pois bem. De olho no que vejo e desvio por aí, estão transformando as calçadas em pistas para provas com obstáculos. Cartazes, wind banner (essas modernidades!), placas, mercadorias e até estantes obstruem o passeio público. Será que é permitido que uma pequena loja “enfeite” seus 4 metros de frente com três ou quatro enormes obstáculos? Isso, é claro, sem falar nos tapetes de mercadorias. Ao que parece, não temos mais passeios públicos. Hoje tentamos nos locomover nas próprias vitrines.

Desnecessárias desavenças

Infelizmente, há um clima beligerante no ar. Qualquer faísca é um incêndio. Ao que parece, sob o calor do fanatismo surge uma cegueira que abafa o discernimento e acaba com o bom senso. As pessoas mal leem uma frase e, munidas pelo ódio que lhes incutiram, não interpretam e, imediatamente, imaginam tudo por uma visão unilateral. E, como a obstinação é uma venda, não tem discussão. Que época. Triste.

Malandro à pilha

Até parece praga. No mesmo lugar onde houve um longevo infrator, agora surgiu outro. Sim, na Brasil entre a Bento e o Comercial, agora tem novo infrator. O carro permanece por mais de oito horas no local. E como fica a rotatividade? Sem rotatividade o estacionamento rotativo não tem o mínimo sentido. E, ao que parece, o pessoal da Área Azul já notificou o infrator. Mas o abuso persiste.  

Estouro

Teremos um estouro, sim. Ainda sem data, mas com todos os ingredientes borbulhando. E são componentes com alto poder explosivo.

 Trilha sonora

The Dukes of September (Donald Fagen, Michael McDonald e Boz Scaggs) - Lowdown


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