OPINIÃO

A vida que eu vivi, segundo C. A Madalosso

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No livro das suas memórias, “Vivir para contarla”, Gabriel García Márquez colocou como epígrafe que “La vida no es la que uno vivió, sino la que uno recuerda y como la recuerda para contarla” (A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la). Eis uma boa síntese, depois da leitura das 280 páginas, para a autobiografia do Dr. Carlos Antonio Madalosso, lançada em 2021.

Ainda que se sobressaiam as memórias afetivas de Carlos Antonio Madalosso, a obra transcende os limites do círculo familiar e de amizade do autor. Incontestes no livro estão valores como: o respeito à família, o trabalho e o estudo como fonte de dignidade humana e o apego à espiritualidade (Cristã no caso) e a doutrinas conservadoras. Mas, engana-se quem julgar que Carlos Madalosso não é um homem aberto ao diálogo democrático. Reconhece, por exemplo, a luta do professor João Grando e dos grupos ambientalistas na preservação do Banhado da Vergueiro.

A descrição familiar, tanto do lado Madalosso, pelo pai Abrahão, quanto Formigheri, pela mãe Adelina, ou pelo lado da esposa Celina, com os Scussel, pelo sogro Leonísio, e os Holzbach, pela sogra Brígida, dá a dimensão da formação econômica de Passo Fundo. As atividades exercidas dão o tom do comercio local na primeira metade do século XX. Além do empreendedorismo que está na raiz de empresas como Viação Unesul e cervejaria Serramalte (hoje Ambev), por exemplo, e no desenvolvimento do setor imobiliário em Passo Fundo.

A ida de Carlos Madalosso para Porto Alegre, nos anos 1950, onde concluiu os estudos no Colégio Rosário, fez cursinho preparatório para o vestibular de Medicina, a formação médica na UFRGS e a residência na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre moldariam o homem e o profissional que retornaria para Passo Fundo, em 6 de dezembro de 1964, para ser parte ativa das principais transformações da medicina local.

Carlos Madalosso, além do exercício da profissão com magistral competência, destacou-se como professor fundador da Medicina da UPF. Esteve na direção dessa faculdade por 14 anos (três vezes eleito diretor). Participou da comissão que, depois de duas tentativas fracassadas, conseguiu a autorização para a criação da Faculdade de Medicina da UPF. Recrutou professores, entre os médicos locais, pouco afeitos ao ensino, e, na UFRGS, onde estudara. Lutou contra a intransigência dos Vicentinos para transformar o HSVP em Hospital Escola e, com o apoio de Dom Cláudio Colling, venceu. Foi dirigente classista (AMRIGS, AMEPLAN, SIMERS, Colégio Brasileiro de Cirurgia, Sociedade de Colo Proctologia do Rio Grande do Sul, etc.), além de Secretário Municipal de Saúde. Atualmente é membro das Academias Passo-Fundenses de Medicina e de Letras.

Tragédias não faltaram na vida do Dr. Carlos Madalosso. A morte do pai, por atropelamento na Av. Brasil, seguida da morte de uma irmã, poucos dias depois, nas mesmas circunstâncias no interior de São Paulo, o final de vida da mãe, que ficou hemiplégica, e, as mais duras perdas (suponho), a morte da filha Cláudia e do neto Ricardo; além de, nos últimos dois anos, ter lutado contra um câncer na boca, considerado, por muitos, fatal. A superação deu-se pela fé em Deus e o apoio da esposa Celina e da família (filho Carlos Augusto, nora Alexandra Michelline, netos Eduardo, Bruno e Bianca, e Paulo Roberto, que trata como filho). Somados à competência do Dr. Álvaro Machado, reconhecida por ele, a cujos cuidados tem se submetido.

Ações filantrópicas são partes do dia a dia do casal Carlos e Celina Madalosso. Incluam-se, nesse vasto rol, as doações: Casa de Apoio dos Vicentinos, Pavilhão do Abrigo Nossa Senhora da Luz, Centro de Catequese da Paróquia Nossa Senhora da Conceição e sede do instituto Histórico de Passo Fundo, entre outras.

Eis a essência da autobiografia de um homem que é grato a Deus pela vida e por tudo que conquistou e fez. Nossos respeitos ao Dr. Carlos Antonio Madalosso!

Post Scriptum: Coluna originalmente publicada em 23 de abril de 2021. Republicada em homenagem ao Dr. Carlos Antonio Madalosso, agraciado com a comenda Mérito Cultural Sante Uberto Barbieri 2022, em 28 de maio de 2022.

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