OPINIÃO

Teclando - 22/06/2022

Viagem ao Boqueirão

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Viagem ao Boqueirão

Aproveitei o feriado na semana passada para retomar o necessário hábito de caminhar. O Boqueirão, histórico e atrativo por algum magnetismo ainda não desvendado, é para onde sigo nas minhas raras caminhadas em percurso plano. Cada passo rumo ao Boqueirão tem uma energia esclarecedora. Não apenas pela sua tradição de sentinela meteorológico, pois naquele horizonte enigmático também encontramos muitas outras respostas. Nas pedras das calçadas, nas alterações dos prédios ou na atmosfera com aroma de diesel deciframos como está o mundo em que vivemos.

O primeiro impacto visual é causado pelos imponentes espigões que brotaram lá pelas bandas do IE. Prédios sobem e casas descem, conforme a ordem do progresso. Até me assustei ao ver que fechou uma revenda de veículos usados. Ora, pensei, deve ser em consequência do momento econômico. Logo em seguida encontrei umas oito dessas garagens recém-inauguradas, indicando que não haveria crise econômica. Mas, observando atentamente, constatei que as incontáveis revendas estavam todas com as prateleiras abarrotadas. Então seria, de fato, um incontestável indicativo da crise. Passos lentos, olhos atentos e a proposta era encurtar o percurso apenas até a icônica curva do Secchi. Lá cheguei e a autoestima entrou em ação. Tomei fôlego e não me mixei para algumas centenas de metros que me aguardavam.

Segui ao destino habitual, o Trevo do Cesec. Sim, para mim o referencial ainda é o Cesec, pois Caravela é coisa de geração Nutella. Já com a noite avançando contra o Boqueirão, a volta foi ainda mais lenta. Então, observei que algumas placas com nomes das ruas tomaram chá de sumiço ceifadas por motoristas depredadores. Não foram repostas, o que entendo deve ser de responsabilidade do causador do acidente. Já noite, cheguei em casa com as energias recarregadas pelas vibrações boqueirianas. Ganhei novas paisagens, aulinhas de economia, urbanismo e civilidade. Ah, e uma pequena bolha na palma do pé direito.

Na quinta

Ainda na noite de quinta-feira, abri exceção para uma incursão noturna. Na Bella Veneto um galeto ao estilo do Augusto de Santa Maria. Parada obrigatória no Boka, uma Spaten e um bate-papo com o Dani. Na subida da Independência uma força irresistível me puxou para o balcão do Batatas. Chope tirado pelo Zimerman e resenha com Zé Tendeu e Elias.

Na sexta

Aproveitei a folga e na noite de sexta-feira fui ao Panorâmico. Ieda, Vera e Melquior me brindaram com uma saladinha personalizada de rúcula tenra. E, como ovelheiro não tem cura mesmo, voltei ao Boka. Expediente longo e desta vez escapei do Batatas: já estava fechado!

Tecnochatices

A mesma tecnologia que ajuda, também atrapalha. Os smartphones já fazem parte da família. Ou melhor, estão integrados aos nossos corpos grudados às mãos. Mas, além de ligações e mensagens inoportunas, ainda trazem um novo canal de chatice. São aquelas notas que surgem quando puxamos a tela para o lado. Além de notícias, ali rola o maior festival de besteiras da Terra, plana ou redonda! São pegadinhas com a isca da curiosidade: as cinco cervejas mais exóticas do mundo, os 10 animais mais assustadores das profundezas e por aí vai. Que coisa mais chata.

Descartáveis

Somos todos descartáveis. Minha dúvida é se iremos para o contêiner laranja ou o azul.

Estouro

Está se encaminhando. O estouro pode ser ainda maior do que a previsão inicial. Uma dissidência já dá indício de que pode eclodir em breve.

Trilha sonora

Pra matar saudades da Antena 1. O trio inglês Swing Out Sister - Am I The Same Girl


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