Desde 2020 temos acompanhado o retorno da esquerda no comando de países na América Latina. A Bolívia com Arce, o Peru com Castillo, o Chile com Boric e agora a Colômbia com Petro, além da maioria dos países na região com lideranças de esquerda e ditadores. Os desastres políticos e econômicos já são notáveis, como no caso do Peru e do Chile. Soma-se a isso a eleição de Gustavo Petro, na Colômbia. Uma de suas principais propostas é a de reduzir os combustíveis fósseis, sendo o petróleo responsável por 1/3 das exportações colombianas. Pode se prever o desastre que isso representará. O populismo de esquerda e esta nova onda que se observa na América Latina representam uma série de riscos geopolíticos à região, entre eles: 1) o fator China; 2) “integração” ao estilo populista; 3) irrelevância regional; 4) política global; e 5) desastre econômico.
Fator China
A China é o principal parceiro comercial da América do Sul e está quase passando os EUA como parceiro da América Latina. A Ascensão da esquerda certamente é bem-vista pelo regime chinês, ávido em avançar os seus projetos de infraestrutura na região. Recentemente, a Argentina anunciou a sua parceria com a China. A estratégia de Beijing com o seu projeto Belt and Road Iniative é a de “comprar” os países em desenvolvimento, com questões de infraestrutura, o que vem fazendo de forma ampla na América Latina. Os líderes e ditadores esquerdistas correm o risco de permitir um avanço desenfreado da China, motivados inclusive pelo apelo ideológico e antiamericanismo.
Política fracassada do Sul-Sul
Outro risco é o retorno da fracassada política externa Sul-Sul, que ainda enfoca a sua abordagem em um mundo marcado pelo conflito de classes sociais e a busca por parceiros que estejam fora do hemisfério norte, ou seja, ideologia e falta de pragmatismo comercial. Essa política colocou o Brasil no ostracismo, por décadas. Corre-se o risco de uma nova UNASUL.
Irrelevância regional
Para os EUA, a América Latina não é uma prioridade de política externa. Com a ascensão da esquerda e a possível abertura desenfreada à China, a região poderia cair no esquecimento ou na irrelevância, abrindo mais espaço para a China e não diversificando os seus parceiros a partir do pragmatismo. Tudo isso colocaria a região muito longe das grandes e principais questões geopolíticas.
Nova conjuntura global
A conjuntura da guerra russa contra a Ucrânia pode escalar, principalmente se a questão das armas nucleares ressurgirem. Líderes esquerdistas/populistas e ditadores são sempre um risco em meio às guerras, sobretudo se há um contorno ideológico similar ao da Guerra Fria. A Venezuela, por exemplo, colocou-se à disposição de Putin, abrindo um risco à estabilidade da região.
Desastre econômico
Prejuízo ao ambiente de negócios, aos contratos e à previsibilidade. A esquerda latino-americana especializou-se no desastre. Notadamente, podemos ver o rumo que a Argentina toma, muito similar ao da Venezuela. O novo líder chileno dá sinais de grandes crises no país, enquanto o colombiano ameaça reduzir os combustíveis fósseis, abrindo incógnitas para os novos negócios. Enquanto isso, o Brasil pleiteia um lugar na OCDE, que a depender do futuro, pode estar ameaçado.