OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Enquanto a coluna é fechada (dia 29/06), transcorre a cúpula da OTAN em Madri, Espanha. Reúnem-se os líderes dos países membros para discutir as mais recentes mudanças no tabuleiro geopolítico e, também, para estabelecer as diretrizes do mais novo “conceito estratégico” da instituição. Trata-se de um documento que visa abarcar as principais ameaças e desafios na política internacional para os próximos dez anos. O conceito estratégico que antecedeu a discussão de hoje é de 2010. De lá para cá, muitas mudanças ocorreram, tornando o conceito defasado. Hoje, temos um conflito ao lado da Europa e o retorno da ameaça nuclear. As guerras cibernéticas se intensificam e outros riscos geopolíticos surgem, como a China e seu entorno marítimo, bem como sua pretensão com Taiwan. Com a sua guerra injustificada, Putin conseguiu dar um propósito renovado à OTAN e favorecer uma Europa ainda mais unida. No encontro, a Turquia desistiu de um possível veto à entrada de novos membros, como Suécia e Finlândia, alertando inclusive que “Putin queria menos OTAN, agora terá mais em sua fronteira”. O novo conceito centra as ameaças do momento, estando Putin como a principal. Vejamos os principais pontos abordados no documento.

 

Novas ameaças à segurança internacional 

A questão central é a ameaça russa à integridade territorial, do espaço da OTAN e de seus aliados. O conceito de 2010 ainda não considerava Moscou como um risco geopolítico, em que pese a consequente anexação ilegal da Crimeia em 2014. O retorno da ameaça nuclear é reforçado no documento, com novas tecnologias por parte da Rússia. A guerra cibernética é outra questão que se pronuncia. Vimos os fortes ataques perpetrados contra a Ucrânia, antes e durante a guerra. Para o documento, a China desafia os interesses, segurança e valores da OTAN e tem adotado estratégias dúbias para avançar com os seus projetos de infraestrutura pelo mundo, que geram dependência. Ainda se menciona a parceria que a China e a Rússia estão construindo, no sentido de perverter as regras internacionais. Como já era esperado, a OTAN não está declarando a China como inimiga e estaria aberta para construir uma relação baseada na transparência, o que sabemos, é impossível. A liberdade de navegação em águas internacionais também é mencionada, ainda mais no contexto do Mar do Sul da China, uma vez que Beijing reivindica a totalidade do mar, tornando a região em um considerável risco geopolítico. Outra questão que surge também é o compromisso da OTAN com as democracias. Temos observado, principalmente a partir de Washington, uma ênfase no confronto entre democracias e autocracias, como uma nova doutrina de política externa. O terrorismo, por seu turno, é compreendido como a principal ameaça assimétrica à segurança internacional e a instabilidade na África e no Oriente Médio também é pontuada pelo novo conceito. Em resumo, a Rússia passa a ser considerada a “ameaça mais significativa e direta à segurança dos aliados e à paz e estabilidade na região Euro-Atlântica”, enquanto a China emerge como um potencial risco, já que “pretende manter o controle em setores decisivos da tecnologia e indústria, infraestrutura e cadeias de valor”.


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