OPINIÃO

Dinheiro que paga vilania

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Um salário monstruoso na administração de banco público na ordem de R$ 230 mil por mês potencializa o efeito de distorção de caráter. Ainda que a remuneração pelo cargo, mais os penduricalhos seja revestida de legalidade, é chocante a ausência de senso moral num governo que se intitula moralizador e moralista. As circunstâncias apontadas nas denúncias de supostos crimes de assédio moral praticados pelo presidente demissionário da Caixa Federal afrontam princípios da licitude na administração pública. Além de altamente questionável o privilégio no cargo de chefia num dos maiores bancos do país, são práticas defesas pela lei maior, que é nossa Constituição Federal. Caso se comprovem os delitos contra a administração pública e torna-se ilegítima a própria nomeação para o cargo. É incrível imaginar-se que a apreciação prévia de nomes a elevados cargos de nomeação pública não tenha vasculhado questões básicas de caráter de tais figuras tão próximas ao presidente da república. Quem comete tanta vilania, recebendo alta remuneração de cargo público de confiança, obrigatoriamente deveria ser fiscalizado. O rasto da prepotência inflada com o poder político e dinheiro público deve ser perceptível. A ciência psiquiátrica certamente oferece condições de prevenir casos tão graves como o assédio moral e sexual. O pior é que as denúncias a serem apuradas não ficam somente na figura do ex-presidente Pedro Guimarães. Opinião de pessoas credenciadas nas áreas psicológica e psiquiátrica têm observado que a exacerbada incidência em violações neste rumo de imoralidade incluem-se na escalada da psicopatia.

 

Barriga vazia

O grande poeta e cantor da América Latina, Atahualpa Yupanqui dizia que o pintor que lhe retratou numa pintura, agradou com sua arte, apenas aparentemente. Compreendeu a intenção da obra, no entanto, pois ele tinha que ganhar a vida com as pinturas. Disse que o discernimento na vida não pode ser avaliado diante da fome. Enfim, que ninguém assimila conhecimento com a barriga vazia, como assinalou Chico Xavier. Então, a fome que assume proporções preocupantes afligindo em torno de um terço da população brasileira é agravada com o baixo índice educacional. A inconformidade como capacidade de reação produtiva é mais lenta, diante de tantas crises que nos cercam.

 

Poluição

Os tratados de redução nos índices de poluição, principalmente na produção de energia, sofrem o primeiro impacto de continuidade. Com a escassez de gás importado em razão da guerra da Ucrânia a Alemanha está pressionada a ativar produção de carvão. Nos USA a retomada das termoelétricas encobrem de fumaça. Um senador democrata quer liberar urgentemente o carvão e Suprema Corte desautoriza o rigor recém implantado pelas agências ambientais. Carvão liberado. No Brasil o descalabro governamental despreza recomendações de preservação das matas e rios, deixando correr frouxa a devastação de reservas. Medonho é que a destruição de recursos nativos e poluição dos rios pela mineração desregrada vem dos últimos tempos do governo, mesmo antes da guerra da Rússia e Ucrânia. O governo da Roraima propõe proibição da destruição de máquinas flagradas no garimpo ilegal, contrariando norma federal. Alguns rios da Amazônia atingem índices de poluição que chegam a 8.000% acima do tolerável.

 

Chico Xavier

A vida de um ser humano que se dedicou inteiramente ao semelhante, independentemente de crenças ou religiões, é a voz de Deus. Ouvi um teólogo católico sobre Chico Xavier, falecido há 20 anos. Disse com serenidade o que se convencionou como manifestação do Espírito Santo aparece na humanidade onde os desígnios de Deus escolhe. A observação humana da Igreja precisa entender isso. É a escolha divina. Xavier não acumulou riquezas materiais. Viveu modestamente, embora pudesse enriquecer. Não guardou nada para si. Antes, se dedicou aos mais necessitados, gente sofrida. Parece-nos que Deus escolhe pessoas para curar a humanidade, como ensinou Cristo até ser morto na Cruz. É um poder que não se manifesta em fortunas, mas na dedicação ao ser humano. Lá no continente africano surgiu Mandela, aqui no Brasil a Irmã Dulce, e tantos que viveram até o fim da vida semeando fraternidade. Eles são memória que ainda vivem como esperança de fraternidade.

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