Ódio, não!
No Brasil, entre o bem e o mal, somos da bondade e detestamos qualquer maldade. “Brasileiro é tão bonzinho”, como bem diz o bordão de Kate Lyra. Aliás, parêntesis indispensável, foi para ela que o maestro Carlos Lyra fez a clássica “Minha Namorada”. Também né, com uma namorada daquele quilate era o mínimo que ele poderia ter composto. Mas, malicitudes de lado, não vamos perder o foco na bondade. O Brasil é um país com uma imagem associada à paz. Pode pôr um samba ou uma bossa nova de fundo que encaixa perfeitamente, então vai ali e clica na nossa trilha sonora. Nesse doce balanço, enxergamos que a bondade faz parte da índole dos brasileiros de bom caráter. Exceto alguns (ou seriam muitos?), que não resistiram às tentações e esfacelaram com a própria alma.
A maneira como somos é de paz. Aqui por estas bandas circulamos com o espírito desarmado. Mesmo com conflitos sociais e aumento da violência, o Pa-tro-pi mantém a ginga da harmonia. Até mesmo a volta da fome que dói, ronca como a cuíca e pode virar em samba. A malandragem é do bem, o jeitinho é apenas um rótulo e as peculiaridades culturais de um país continental culminam num imenso Carnaval, onde a única maldade é o prenúncio da quarta-feira de cinzas. Pregar o ódio entre os brasileiros é o exercício do mal. Aliás, tempo perdido. O ódio faz mal às boas almas, arrepia a nossa índole, assusta criancinhas e estonteia grandes bobalhões. E, cá entre nós, o ódio não combina com o nosso pano de fundo. Aqui a maldade bate com a cara na porta, pois a bondade não a deixa entrar. Isso, é claro, porque o brasileiro é bonzinho. Como faz bem ser bom. Como é bom fazer o bem. E não digam besteiras em tom de desabono, pois a bondade é uma grande virtude. Xô, maldade!
A torturante grossura
Aproveitando o vermelho para veículos na sinaleira da Sete com a Uruguai, sofri um atropelamento acústico e mal consegui chegar ao outro lado. Explicando melhor, dentre os carros havia um com vidros abertos e um imbecil ao volante. Utilizando um potente equipamento de som automotivo, o idiota detonou uma barulheira de difícil definição. Não era música. Reproduzia ruídos eletrônicos em ritmo-compassado-persistente-irritante. E o barulho infernal ainda tinha a companhia de uma voz forçada, em entonação de enjoo, com chavões indecifráveis. Se houvesse uma classificação sonora para aquela coisa seria apenas algo torturante. Sim, uma tortura para quem estava nos veículos próximos ou nas calçadas. Senhoras, senhores, meninas, meninos e cachorros (pets sensibilizam!) foram indistintamente atingidos pelos disparos de decibéis. Com certeza, um idiota incomoda muita gente. Mas, ao que parece, a grossura passa por uma fase privilegiada. Até quando?
Oásis ou aeroporto?
Lá pelo Oásis, a inquietude tomou conta da emblemática Mesa Um. O problema é a indefinição que assolou o eclético grupo. Tudo por conta da longa espera pela reabertura das atividades festivas. Não faltam paraninfos, pois há um bom tempo os confrades Nereu Grazziotin e Juarez Azevedo querem reabrir os trabalhos. Porém, na segunda-feira, Júlio Henrique “Mu-Mu” da Costa colocou as cartas na mesa e também quer assumir a bronca. Assim, surgiu um terceiro paraninfo. Agora, as definições de datas e locais passam por Aldo Battisti, o nosso dedicado convocador-oficial. Depois de tanto marcar e remarcar, o aguardado jantar virou uma novela. Até parece o aeroporto.
Sabores do Inverno
No final de semana aconteceu o Festival de Inverno da Comercial Zaffari, no estacionamento do Stock Center Petrópolis. Dei bobeira e acabei não indo. Meu consolo é que tem replay no próximo final de semana. Desta vez eu vou!
Estouro
Calma. Controlem a ansiedade, seus agourentos de plantão.
Trilha sonora
De Tom Jobim, com Rose Max e a Orquestra Sinfônica da Costa Rica: Wave