OPINIÃO

Índios escravizados

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O escritor José Anchieta Faleiros publicou substancial artigo, em 1988, na revista Jurídica LTR, fazendo apanhado sobre a escravidão. Destaca a força de trabalho exercida pelos escravos trazidos da África e índios. Especialmente no Brasil, o estado e instituições de poder mantiveram durante séculos a opressão criminosa que subordinou pessoas, vidas humanas e sonhos de coletividades ao suplício físico e psicológico. Passados mais de cem anos de massacre, assassinato e toda sorte de torturas de destruição da cultura indígena, vieram as primeiras leis declarando o nativo homem livre. Obviamente essas leis de libertação não eram cumpridas por que a cultura de dominação dos nativos impregnava os foros de decisão. Em 1647 foi expedido alvará permitindo que os índios trabalhassem para quem melhor os pagasse. A índole rebelde e guerreira de nossos selvícolas dificultava a produção. As expedições de caças aos aborígenes permitiam o aprisionamento, nas “guerras justas”, conceito de colonizador ou da Coroa Lusitana. A extinção total da escravatura do índio veio somente com a lei de 05/06/1755 do Marquês de Pombal. E foram 221 anos de escravidão de nossos índios, os primeiros donos do Brasil. Tribos valentes e auto sustentáveis com vida livre já haviam sido exterminadas. E mais, persistiu a prática do regime de escambo, que remunerava o serviço dos nativos a troco de qualquer quinquilharia. Milhares de toros de pau brasil seguiam para Portugal e Holanda. Ainda hoje constatamos a remessa de riquezas de territórios das reservas indígenas num tenebroso comércio internacional. O pessoal que comanda essas operações escusas continua explorando, ludibriando o espírito da lei e “passando a boiada”, como disse um ministro dileto do Planalto. Ainda lamentamos a morte cruel de Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. São mártires de uma luta humana pela vida dos nativos e extrativistas, que devem ser sempre lembrados nestes focos calamitosos de subversão dos valores que oprimem defensores do direito à sobrevivência digna e do meio ambiente.  

 

Riqueza e miséria

Os negros escravizados traziam da África virtudes de trabalho, liberdade e produção e robusta religiosidade. Os nomes que são noticiados na luta pela liberdade do negro escravo já são mais conhecidos. A dominação desumana e perversa que sempre quis apagar a memória da resistência começa a ser derrotada. E nunca é tarde para a memória social e os imensos valores indispensáveis para a construção do Brasil de hoje. Restou a condenável mancha do racismo, absurdo e covarde que felizmente vem sendo combatido por negros e brancos. Vemos a cada dia avanços no sentido da igualdade racial, ofendida durante séculos. Os cidadãos de descendência africana, pela própria luta pacífica estão mostrando que o país vai crescer com o trabalho, inteligência e em todos os espaços de nossa vida. O Brasil é país rico e vai progredir nesta busca indispensável pelo acesso a todos a estas riquezas.

 

Ruy Donadussi

A comunidade passo-fundense perde uma de suas mais caras referências de liderança. Tendo cumprido longa jornada como médico urologista, veio a falecer o médico Rui Carlos Donadussi. Além da excelência cultural e na ciência médica, Rui emprestou seu talento como liderança comunitária. Sua popularidade estendia-se por toda a parte, exemplo que ocorreu no grupo do cafezinho do Bar Oasis, onde era conhecido como presidente vitalício da confraria de conversa muito democrática. Sua capacidade de relacionamento revelavelou-se com atenção de sabedoria a todos. Nossa saudade do mestre e amigo, com pesar aos familiares.


Relendo Stefani

A importância da publicação de Marco Stefani, A História de um Marco, levou-nos a reler a obra. É documentário enriquecido por memórias ainda vivas de um período de pouco mais de meio século que descreve a trajetória pessoal. Incorpora-se à essência do trabalho o relato de momentos palpitantes que uma geração da terceira idade pode conferir. Os detalhes preciosos da luta pelo desenvolvimento em cooperação com a comunidade. Renovo a satisfação pela publicação que integra os depoimentos da história de Passo Fundo.

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