OPINIÃO

Jô e o direito de rir

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Ele mostrou ao mundo que o ser humano é manancial de arte, com pensamento crítico, mesmo na iminência de sofrer o massacre do estigma ativado pela mediocridade. A morte de Jô Soares leva-nos a refletir sobre a capacidade inata de resistirmos preconceito mesquinho dominante numa sociedade iludida pelas aparências. O mais competente e credenciado humorista, escritor, artista do teatro e televisão teve uma existência das mais significativas na vida das multidões. Por ser gordo, obeso, enfrentou o desafio em ser reconhecido pelo seu talento. Ao contrário dos que guardavam restrições à sua autoridade na arte, cultura e inteligência, Jô investiu com eficiência assumindo que não veio ao mundo para submeter-se a padrões duvidosos de elegância física. Impôs a ordem de respeito, com esplendor irresistível, mostrando olhar revolucionário sobre conceito cidadão. E foram 70 anos de manifestação artística, num mundo de consumismo ridículo, com medo de viver situação real. Por isso, perdemos um líder do pensamento libertador nas relações sociais da coletividade. Perda foi sua morte no destino inexorável de todos os humanos. Sua vida foi uma conquista em favor do pensamento e opinião fiel à justiça social. Sem perder a gentileza na expressão, venceu a estupidez da censura à arte, foi perseguido, mas não se rendeu. Mesmo vendo o povo brasileiro oprimido por uma política de ditadura, teve a coragem e talento para transmitir ideia de liberdade. Deu asas à justa ira popular dos oprimidos e famintos, com ironia sagrada nas apresentações de humor. Com crítica e arte fez pulsar alegria e esperança por todo o país. Com muito trabalho, coragem, inteligência e arte, exerceu jornalismo legítimo, elaborando crítica jocosa, persistindo com a esperança que é preciso anunciar à sociedade. Com insuperável talento, assegurou à multidão o direito de rir e ser feliz mesmo diante das crises.

 

Força negra

Assumiram os novos dirigentes da Colômbia, Gustavo Petro e a vice-presidente eleita, Francia Márquez. A história de Francia é de uma ativista em pleno vigor na mobilização ambiental e antirracista. Sua luta remonta das origens familiares, e vem consolidando-se como liderança de grande capacidade em defesa da mulher, especialmente da mulher negra. A vice-presidente é credenciada cultural e profissionalmente, com destaque no magistério jurídico. A apresentadora Maju Coutinho, da Rede Globo, entrevistou Francia Elena Marques Mina que veio ao Brasil onde desenvolve contatos de lideranças na defesa ambiental nos países da Amazônia. Trata-se de liderança destemida que enfrentou ameaças na luta ambientalista, e sofreu atentados. Uma mulher ativista significa ótimas esperanças para cooperação dos povos da América Latina e avanços nos direitos humanos. Mantém sorriso sóbrio e olhar cortante mirando horizontes de igualdade. Na sua sabedoria de vida e formação intelectual representa eminente lideranças para compor novas forças de enfrentamento às oligarquias racistas que manipulam o poder e que aflige pobres e miseráveis à custa da fome e subordinação de origem escravista.

 

Pobreza

Espalha-se por todo o país a sensação de pobreza que atinge desde setores de produção até a mesa dos trabalhadores e a multidão desempregada. No nosso estado acumula-se a dívida de empresas. A inadimplência empresarial atinge os 7 bilhões de reais. A parcela familiar que participa do mercado de consumo interno vê a cada instante crescer a dívida. O orçamento doméstico vem reduzindo a classe econômica de renda qualificada como “C” ou “D”, diante do assombro da inadimplência. A inflação obriga a redução na quantidade e qualidade alimentar. Essa condição subverte valores de subsistência. Afinal, a fome assusta, como água de uma enchente ou labaredas na lenha seca. Este é o perigo de um país de muitos recursos mal distribuídos. De dez famílias brasileiras, oito estão endividadas!

 

Não ao golpe

As forças democráticas estão mobilizadas. A decisão do TSE é sinal de atenção à obliteração contra a democracia. Militar foi excluído do grupo de fiscalização das eleições, por divulgar fake News.

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