OPINIÃO

Fome aniquila o futuro

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A fome sempre andou por aí, rondando famílias de filhos mais numerosos com a precária oferta de trabalho. Vejam bem: a situação de pobreza não envergonha ninguém, nem a nação quando se preservam bases mínimas da dignidade de nutrição, acesso à saúde e habitação. A vergonha nacional e a opressão grave atingem uma multidão, milhões de brasileiros, escravizados pela fome, sem nutrientes suficientes para reagir. Quem vive de um salário mínimo, e daí para menos, está radicalmente na miséria. A ciência nutricional informa o suficiente para identificarmos a qualidade mínima necessária para a sobrevivência de uma pessoa. O sociólogo Darcy Ribeiro chamou atenção para as necessidades básicas de alimentação na primeira infância. A formação da capacidade mental de desenvolvimento humano depende das proteínas básicas para a formação do cérebro. Os primeiros passos, desde o nascimento, definem as condições de sobrevivência. O potencial mais virtuoso da transformação das populações infantis mais pobres, define-se nos primeiros anos de vida. O cérebro não ativado pela nutrição mínima perde definitivamente a capacidade de reagir à miséria. Então, além da fome literal, estamos vivendo com milhões de desnutridos, comprometidos desde a infância pela baixa qualidade alimentar. O presente e o futuro ficam comprometidos. O socorro de bolachas ou aglomerados de farinhas podem até dar aparência de eficácia, mas perigosamente não formam cérebros como potencial de reação à miséria. Então, a fome é a desumanidade gravíssima que causa horror pelo mal que atinge irreversivelmente a geração infantil. E saber que temos um país rico na produção de alimentos, que depende de políticas públicas além da avidez eleitoral oportunista.

 

Caracas

Produtores brasileiros voltam a exportar alimentos para a Venezuela. As relações comerciais foram suspensas no início do atual governo, enquanto o ditador Nicolas Maduro ainda governa como ditador. Os suprimentos de óleo de soja, açúcar, milho, margarina e bolacha que chegam a Caracas, trazem lucro à exportação brasileira. A hiperinflação dá sinais de redução, com a força da exportação do petróleo venezuelano. Não é o regime de força de Maduro que ajuda a recuperação financeira. É a força de trabalho, com recursos naturais na produção de petróleo e a luta em resistência do povo que força as mudanças. A participação brasileira nas relações comerciais pode levar a vantagens mútuas, sem prejudicar a visão divergente no comando político, considerando que o Brasil abomina ditadura, pelas desastrosas experiências da própria história. Enfim, a esperança de combater a fome na Venezuela, mostra que é possível melhorar também o Brasil.

 

Perigo

Não bastasse o absurdo de atrocidades causados pela guerra dita convencional entre Rússia e Ucrânia, ressurge a ameaça de desastre nuclear. A usina de Zaporizhzhia, sediada em território ucraniano, é uma das dez maiores do mundo. É administrada conjuntamente pelos dois países em guerra. Com isso cai o nível de confiança e a possibilidade de paz na Europa. No começo o medo era a probabilidade de acidente. Hoje é temido o desastre provocado por qualquer lado do conflito. O ódio, falta de diálogo, tudo isso parece flagrar um momento de desequilíbrio mental mais perigoso entre lideranças. Nem parece que esses mandantes carregam o privilégio do acesso aos meios de aperfeiçoamento pessoal. Que liderança é essa? A falsidade pessoal destes ditos grandes homens, infelizmente pode destruir a espécie humana.

 

Independência

Avolumam-se as assertivas da pesquisa sobre a nossa independência de Portugal, com a participação dos contingentes negros e indígenas. A partir da ânsia libertária, os negros e índios, ultrajados pelos efeitos da escravidão no Brasil, criavam núcleos de rebeldia, iniciados especialmente na Bahia e Pernambuco. Em Salvador há comemoração do movimento pela independência, com derramamento de sangue. Hoje é lembrada a abadessa Joana Angélica que resistiu à invasão do convento que abrigava revoltosos. A soldadesca de Lisboa eliminou Joana a golpes de baioneta. Muitos foram mortos, esquartejados ou mutilados, ao lutarem pela independência do Brasil. A maioria negros e índios.  

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