OPINIÃO

Teclando - 17/08/2022

Amor e ódio

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Amor e ódio

Mais do que estranho, considero muito delicado o momento em que vivemos. Fantasmas ressuscitados, preconceitos exaltados e a austera sonoridade de um tom autoritário dissolvem a convivência harmônica. Enquanto alguns não estão nem aí para o próximo, outros babam ódio pelos próprios semelhantes. Fica muito difícil coexistir em grupo em meio aos abismos e discriminações. Faz mal à alma enxergar a miséria. Por volta da meia-noite da chuvosa segunda-feira, observei um homem ajoelhado na calçada oposta. Parecia num ritual, pois despejou lentamente a água captada na sarjeta sobre objetos que não consegui identificar.

Pouco depois, seguiu para uma lixeira do canteiro central, onde as sobras de alimentos dividem espaço com o cocô dos pets. Além de catadores de lixo e alimentos, também são vasculhadas pelas ratazanas que residem em covas no canteiro. Então, enquanto o homem que estava perambulando por ali, catava algo na lixeira, ouvi uma voz perguntando se ele aceitaria uma marmita. Fui à sacada para entender melhor o que acontecia. Havia dois carros com jovens, aparentemente enquadrados como classe média. Quem ofereceu foi o motorista do segundo carro, enquanto o do veículo da frente desembarcou, abriu o porta-malas, retirou uma embalagem redonda de isopor e entregou para aquele senhor.

Morador de rua, louco ou com outros problemas, pouco importa. Naquele momento era apenas uma pessoa com fome, um ser humano que necessitava ser alimentado. Quase que imediatamente, essa pessoa desapareceu na calçada coberta pela marquise. Se há pouco fizera algum ritual, seu pedido fora atendido. Enquanto isso, os dois carros com vários jovens partiram para prosseguir distribuindo alimentos. Sem adesivos ou alusões políticas nos carros, apenas faziam o bem cumprindo a missão de saciar a fome. Fazer o bem é externar amor ao próximo. E o amor sempre será mais poderoso do que o ódio.

Caminhar é um risco

Mal parafraseando Pompeu, se caminhar é preciso o retorno sempre será impreciso. Falo em causa própria, pois em minhas tímidas esticadas de pernas sempre escapo por um triz de um atropelamento. Não ao atravessar as ruas, mas nos canteiros centrais e calçadas. Sou perseguido por veículos com rodados de todos os diâmetros, que vão das bicicletas aos skates. Os imprudentes (ou seriam infratores?) utilizam motorização elétrica, impulso próprio ou por queima de combustíveis. Isso vale para patinetes, motonetas, motocicletas, biciclos, triciclos e quadriciclos. Em comum, ao que parece óbvio, pilotados por quadrúpedes que não respeitam os pedestres. Afinal, alguém poderia esclarecer sobre o que pode transitar no passeio público? Sempre soube que calçadas e canteiros seriam para pedestres, carrinhos de bebê, cadeiras de roda e olha lá. Domingo, quase que simultaneamente, escapei de duas tentativas de atropelamento. Primeiro uma patinete elétrica, depois uma moto que resolveu encurtar caminho pelo canteiro. Depois disso, em dias de chuva fico de olho nas poças d’água para não ser colhido por uma lancha.

Vento e neblina

O avião não veio, não conseguiu pousar ou alternou para outro aeroporto. Em se tratando do Aeroporto Lauro Kortz, isso já não é mais notícia. É rotina! E os motivos causadores desses transtornos são basicamente dois: vento e neblina. Voos cancelados ou alternados não são imprevistos, pois tecnicamente essas ocorrências são previsíveis. Vento de través e neblina são condições resultantes da péssima localização da pista. Outras situações constrangedoras, como o acanhado pátio de aeronaves, terminal inaugurado e sem equipamentos, verbas, licitações, obras e reformas são apenas consequências. O vento é propagandista e a neblina esconde a interminável sequência de remendos.

Barretos

Com passagem marcada para esta quarta-feira, Léo Castanho está com um olho na Festa do Peão de Barretos e outro na previsão do tempo. Ele também vive a incerteza operacional, pois nunca se sabe se o avião pousará em Passo Fundo. Acho que hoje vai pousar, fique tranquilo. A preocupação é saber o que o amigo e Walter Mendes Filho aprontarão lá na Chácara da Oral Unic. Ah, não se assustem com o mugido dos berrantes.

Trilha sonora

Peter Frampton -Show Me The Way


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