OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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A semana que passou marcou os 31 anos de independência da Ucrânia, bem como os seis meses da guerra injustificada de Moscou contra Kiev. A Rússia conseguiu levar uma guerra à porta da Europa, inclusive com o temor nuclear. No início da invasão, Putin já dava sinais de uma operação frustrada, ao menos no sentido de invadir a capital Kiev. Desde lá, a guerra vem tomando contornos distintos, com perdas dos dois lados. A ONU contabiliza cerca de 5 mil mortes de civis. O tabuleiro geopolítico mudou significativamente. Vejamos um balanço do que aconteceu até aqui:

 

Expansão 

Desde o início da guerra alertamos de que se tratava de um conflito por conquista de territórios. A ideia inicial seria a tomada de Kiev e, consequentemente, do restante da Ucrânia. A estratégia frustrou e Putin ordenou às tropas que se dirigissem à região do Donbass e ao sul da Ucrânia, onde o acesso ao mar é estratégico. Nos últimos meses, a Rússia vem conquistando espaços importantes, controlando, por exemplo, a província separatista de Luhansk, enquanto avança para Donetsk. Esses territórios são importantes para o escoamento industrial ao Mar Negro. As potências ocidentais continuam intensificando o envio de armamentos, principalmente dos mísseis de longo alcance como o HIMARS, para refrear o ímpeto de Moscou. Soma-se a isso o treinamento militar aos ucranianos.

 

Economia 

As sanções econômicas das potências ocidentais vão surtindo efeito relativo, enquanto a inflação sobe na Rússia. Para termos uma ideia, segundo dados, a produção russa de carros em maio caiu cerca de 97%, pela falta de peças no mercado, devido às sanções. Em termos de política, Putin aumentou a sua popularidade com a invasão. O cenário energético será fundamental nos próximos meses, ou com queda de preços do petróleo, afetando diretamente a Rússia, ou com altos custos ao Ocidente, o que poderia minar o apoio a Kiev.

 

Destruição 

Importantes cidades ucranianas estão reduzidas a escombros e quase 115 mil casas foram destruídas. Somente instalações médicas foram cerca de 125. Cerca de 5 milhões de empregos foram cortados. Em termos de refugiados também foram cerca de 5 milhões, enquanto 9 mil soldados ucranianos foram mortos.

 

A paz 

Muitos esperavam que a invasão russa na Ucrânia seria rápida. Mas o cenário mudou e o conflito não possui dias para acabar e não há qualquer indício concreto de que alguma negociação possa cessar a guerra. Um conflito interminável pode gerar consequências graves a todas as partes. A Rússia vai tentando criar um eixo na política internacional, mas a sua parceria com a China ainda não é muito clara, em que pese os exercícios militares que se avizinham.

 

O temor nuclear 

Um dos principais temores sobre o conflito era justamente a emergência de narrativas nucleares. A pacificação relativa do tema voltou a zero, enquanto Putin fazia testes com os seus mísseis hipersônicos, tecnologia dominada por Moscou e Beijing. O risco nuclear ainda é um importante ingrediente no tabuleiro geopolítico e não deve ser subdimensionado. Enquanto isso, Liz Truss, candidata à primeira-ministra no Reino Unido informa que poderá usar armas nucleares, caso eleita. Ainda há muito espaço para as narrativas nucleares.

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